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Trânsitos em texto: uma análise comparada de biografias e autobiografias de pessoas trans no Brasil e nos Estados Unidos

Texto completo
Autor(es):
Luiza Ferreira Lima
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Silvana de Souza Nascimento; Bernardo Fonseca Machado; Amara Rodovalho Fernandes Moreira; Lilia Katri Moritz Schwarcz
Orientador: Silvana de Souza Nascimento
Resumo

Esta tese tem por objetivo mapear, em uma perspectiva comparada, a trajetória de imaginários e saberes inscritos em e produzidos por biografias e autobiografias elaboradas ou planejadas por pessoas trans e publicadas no Brasil e nos Estados Unidos. Ao longo de décadas marcadas pela patologização da transexualidade e da travestilidade, pela emergência e consolidação do movimento trans, pelo aumento da visibilidade e ocupação por pessoas trans de espaços historicamente a elas negados, pelo acirramento de projetos políticos de destituição de direitos e humanidade a tal comunidade, e pela profusão de produções artísticas e acadêmicas por elas idealizadas, o enquadramento de sentido das categorias transexualidade, travestilidade e transgeneridade mudou consideravelmente; subjacente a tal processo, se deu, ademais, uma constante reestruturação dos regimes de produção de conhecimento e de produção literária. Considerando o desenrolar de tais dinâmicas de modos e em ritmos distintos, atravessados diferencialmente por marcadores sociais da diferença no Brasil e nos Estados Unidos, fiz a indagação: qual o papel que escritas auto/biográficas trans têm nessa configuração contínua? Pretendi respondê-la através da utilização de referenciais da teoria antropológica e dos estudos queer e trans, bem como da realização de pesquisa documental tendo como recorte tanto autobiografias e biografias publicadas em ambos os países entre 1967 e 2019 quanto arquivos de imprensa e veículos de mídia de acesso digital livre. Paralelamente, também submeti o processo de escrita da biografia da militante travesti Fernanda Benvenutty, realizado por ela, por mim e por minha orientadora Silvana Nascimento de 2016 a 2022, a um olhar autoetnográfico. O argumento que sustento, ao longo da tese, é: ao longo de três gerações de escrita auto/biográfica no Brasil e nos Estados Unidos, o empreendimento de tornar a si e à própria trajetória socialmente inteligíveis se deu em reação a enquadramentos hegemônicos de transexualidade, travestilidade e transgeneridade no debate púbico. Ao fazê-lo, autôries negociam, expõem, rearranjam e desafiam tais enquadramentos, fornecendo não só contra-discursos acerca de subjetividades trans mas também outros modos de imaginar estruturações do tempo, narrativas de processos de subjetivação, e articulações entre fantasia e realidade, identidade individual e coletiva, produzir e representar, verdade e mentira, masculinidades e feminilidades, entre outros. Nesse aspecto, os exercícios inventivos do gênero auto/biográfico se constituem, ao longo do tempo, em redes de saber subjuntivo, consideradas aqui berço dos estudos trans institucionalizados. Seu desenvolvimento se dá em paralelo ao reconhecimento acadêmico deste campo de trabalho científico (AU)

Processo FAPESP: 16/23516-0 - Trânsitos em texto: uma análise comparada de biografias e autobiografias de pessoas trans no Brasil e nos Estados Unidos
Beneficiário:Luiza Ferreira Lima
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado