Intensificação da regeneração motora com peptídeo mimético de HNK-1 e ácido ursólico após avulsão e reimplante de raízes ventrais medulares em camundongos C57BL/6J

Lesões de raízes motoras medulares geram significativa degeneração de motoneurônios, inviabilizando plena recuperação funcional. Nesse sentido, o HNK-1 e ácido ursólico (AU) vêm ganhando destaque por serem moléculas neuroprotetoras e capazes de estimular o crescimento de neuritos no sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). Assim, o presente estudo teve como objetivo a utilização a associação entre o peptídeo mimético de HNK-1 (pm-HNK-1) e AU com o reimplante das raízes nervosas avulsionadas, para otimizar a plasticidade neuronal, preservação sináptica e funcionalidade motora após a lesão. O reparo SNC/SNP foi realizado com emprego de selante de fibrina (SF), levando-se em conta estudos prévios de nosso laboratório. Para tal, 79 camundongos fêmeas da linhagem isogênica C57BL/6J foram submetidos ao procedimento cirúrgico de avulsão de raízes motoras (L4-L6) seguida de reimplante, com a aplicação de SF. Os animais foram divididos em cinco grupos experimentais (n=21/grupo): Controle = sem lesão, Avulsão = Somente avulsão com SF, Reimplante = Avulsão + reimplante com SF, pm-HNK-1 = Avulsão + reimplante com SF + pm-HNK-1 e AU = Avulsão + reimplante com SF + ácido ursólico. Os grupos experimentais foram avaliados 2 e 12 semanas pós-cirúrgicas. A avaliação funcional foi realizada semanalmente através do Walking Track Test (plataforma Catwalk, Noldus). A sobrevivência neuronal foi analisada por citoquímica (azul de toluidina, e traceamento retrógrado empregando Fluoro-Ruby). A imunomodulação foi avaliada por imunofluorescência, empregando-se anticorpos anti-Iba1 (marcador de micróglia e macrófagos derivados de monócitos), anti-GFAP (marcador de astrócitos), anti-GAD65 (marcador de sinapses GABAérgicas) e anti-VGLUT1 (marcador de sinapses glutamatérgicas). A análise ultraestrutural dos terminais sinápticos dos motoneurônios alfa foi avaliada sob microscopia eletrônica de transmissão. Os resultados demonstram sobrevivência neuronal de 60% nos animais tratados com pm-HNK-1, 61% do grupo Reimplante, 52% do grupo AU e 39 % Avulsão. Tal efeito também se observa na contagem total de motoneurônios com traceamento retrógrado com: 27% no grupo pm-HNK-1, 2,49% no Reimplante e 5,2% no Avulsão, o que sugere efeito neuroprotetor e regenerativo do tratamento pm-HNK-1. Na reatividade microglial, os grupos AU, pm-HNK-1 e Reimplante obtiveram menor reatividade glial comparado o grupo Avulsão. Sobre a análise ultraestrutural da preservação sináptica, os grupos pm-HNK-1 e Reimplante demonstraram melhora significativa, comparado ao grupo Avulsão. Entretanto, a análise funcional, demonstra que o grupo tratado com pm-HNK-1 não superou o grupo AU, que mostrou melhores resultados