Impacto da administração tardia de bifosfonato oral sobre o processo de reparo peri-implantar em ratas osteopênicas: a funcionalização da superfície dos implantes pode melhorar esta resposta?

A osteoporose é uma doença que atinge principalmente as mulheres na pós-menopausa. Atualmente, existem muitas terapias disponíveis para seu tratamento, entre elas os bifosfonatos orais que são fármacos com efeito anti-remodelação óssea, o que pode levar alguns efeitos adversos a longo prazo. Outras opções terapêuticas ou adjuvantes têm sido consideradas no intuito de melhorar as terapias anti-osteoporose, dentre elas, destacamos os fármacos osteoformadores, como a teriparatida, ou ainda suplementos como a vitamina K2. Deste modo, o objetivo desse projeto foi avaliar a qualidade óssea durante reparo peri-implantar em ratas osteoporóticas, numa situação em que o tratamento medicamentoso com alendronato de sódio ocorra após a instalação dos implantes funcionalizados com teriparatida ou vitamina K2. Foram utilizadas 96 ratas divididas em dois grandes grupos, conforme a cirurgia de indução da osteoporose e medicação sistêmica: 1 - OVX SAL: ratas submetidas à ovariectomia bilateral e tratadas com soro fisiológico e 2 - OVX ALE: ratas submetidas à ovariectomia bilateral e tratadas com alendronato de sódio. Dentro de cada grupo experimental, houve três subgrupos, conforme o tipo de tratamento local dos implantes: 1 – CONV (n = 8 por subgrupo): implantes convencionais que não tiveram nenhum tipo de tratamento local; 2 – TERI (n = 8 por subgrupo): implantes funcionalizados com teriparatida (PTH 1-34) e 3 – VK (n = 8 por subgrupo): implantes funcionalizados com vitamina K2. Após duas semanas da cirurgia de ovariectomia, todos os animais tiveram a instalação de implantes na metáfise tibial direita e esquerda (n = 192 implantes), sendo eles: convencionais (CONV), funcionalizados com teriparatida (TERI) ou vitamina K2 (VK). Passadas duas semanas, os animais receberam o tratamento medicamentoso por gavagem, sendo o soro fisiológico (0,7 mg/kg semanalmente) para os animais do grupo SAL e o alendronato de sódio (0,7 mg/kg semanalmente) para os animais do grupo ALE. A eutanásia ocorreu em dois períodos, a 6º e 10º semanas após a cirurgia de instalação dos implantes, respectivamente 44 e 74 dias. As tíbias coletadas foram utilizadas para a análise biomecânica (contra torque), microtomografia computadorizada (Micro-CT) utilizando os parâmetros para volume ósseo (BV), porcentagem de volume ósseo (BV.TV), espessura, número e separação das trabéculas (Tb.Th, Tb.N e Tb.Sp, respectivamente) e superfície de contato osso-implante (i.S). Os dados quantitativos foram submetidos ao teste de homocedasticidade para a seleção do teste estatístico adequado (paramétrico vs. não paramétrico), com nível de significância de 5%. Os resultados obtidos a partir do teste patenteado mostraram que a funcionalização dos implantes com teriparatida foi viável e apresentaram melhores resultados quando comparado aos implantes convencionais, o que justificou a dose de escolha. Para a análise biomecânica, os maiores torques de remoção dos implantes foram para os grupos tratados com teriparatida e o melhor valor obtido foi do grupo OVX SAL TERI (22,17 N/cm). Os parâmetros BV, BV.TV. Tb.Th, Tb.N, e i.S obtidos a partir do Micro-CT mostraram-se melhores para os grupos tratados com teriparatida e vitamina K2, sendo que estes grupos com implantes funcionalizados tiveram menor separação entre suas trabéculas ósseas (Tb.Sp). Conclui-se que a funcionalização com o PTH 1-34 e vitamina K2 promoveram melhores resultados a longo prazo, com superioridade para o primeiro tanto no torque de remoção como na microarquitetura do tecido ósseo reparacional. Mais estudos com a vitamina K2 se fazem necessários para encontrar uma dose eficaz correspondente. (AU)