Busca avançada
Ano de início
Entree


Interações entre as infecções por Haemonchus contortus e Haemonchus placei em ovinos

Texto completo
Autor(es):
Michelle Cardoso dos Santos
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Botucatu. 2017-04-25.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Instituto de Biociências. Botucatu
Data de defesa:
Orientador: Alessandro Francisco Talamini do Amarante
Resumo

Dois experimentos foram realizados no período de 2013 a 2015, em cordeiros da raça Suffolk, com objetivo de avaliar a dinâmica da infecção mista por Haemonchus contortus e Haemonchus placei em ovinos, bem como a competição e o cruzamento interespecífico com a formação de híbridos. Um cordeiro doador, livre de infecções helmínticas, recebeu infecção artificial oral única com 25.000 larvas infectantes (L3) de H. contortus, isolado de laboratório SpHco2, com múltipla resistência aos anti-helmínticos, enquanto um bezerro doador foi infectado via oral, em dose única, com 25.000 L3 de H. placei, isolado de laboratório SpHpl1, susceptível à ação do levamisol. No primeiro experimento, realizado no ano de 2013, cordeiros mantidos confinados e livres de infecções helmínticas foram inicialmente infectados com 2.000 L3 de H. placei no dia zero e 11 dias depois, os mesmos animais receberam 2.000 L3 de H. contortus (grupo parental, n=6). Coproculturas individuais dos animais do grupo parental foram utilizadas para a produção de L3, as quais foram destinadas à infecção dos animais dos grupos F1 (primeira geração filial), grupos F1-42 DPI (n=6) e F1-84 DPI (n=6), o que permitiu avaliar a produção de híbridos. Todos os animais pertencentes aos grupos: parental, F1-42 DPI e F1-84 DPI, foram eutanasiados aos 50, 42 e 84 dias pós-infecção (DPI), respectivamente, para a identificação e quantificação dos parasitas, a fim de determinar a competição interespecífica e a hibridização. Seis animais, não infectados, foram mantidos como grupo controle. No segundo experimento, desenvolvido no período de 2014 e 2015, cordeiros livres de infecções helmínticas foram infectados com 4.000 L3 de H. placei (n=16) ou com 4.000 L3 de H. contortus (n=16). Os animais foram inicialmente mantidos estabulados, para verificar o estabelecimento das infecções e depois foram alocados nas mesmas pastagens, as quais foram compartilhadas durante 357 dias. Para avaliar a evolução da infecção, dois cordeiros, de cada grupo experimental, foram eutanasiados em Fevereiro de 2014 e as eutanásias posteriores ocorreram a cada três meses, contendo três cordeiros por grupo experimental, com exceção da última eutanásia, em Fevereiro de 2015, na qual os cinco animais remanescentes de cada grupo foram eutanasiados. Animais traçadores, livres de infecções parasitárias, foram colocados na pastagem a cada três meses para avaliação da contaminação da pastagem e das espécies de nematódeos presentes. Em ambos os estudos, os animais eram pesados e nesse mesmo dia amostras de sangue e fezes eram coletadas para as análises laboratoriais. Nos dois estudos os animais foram eutanasiados para a recuperação e identificação dos parasitas. No primeiro experimento, em confinamento, houve estabelecimento da infecção por ambas as espécies, com elevadas contagens de ovos por grama de fezes (OPG). Os parasitas recuperados foram identificados morfologicamente e 2 molecularmente, comprovando o sucesso da infecção. As reações em cadeia da polimerase (PCR) com os oligonucleotídeos iniciadores (primers) espécies-específicos demonstraram a presença de H. contortus e H. placei em todos os grupos experimentais (grupo parental, F1-42 DPI e F1-84 DPI) e de oito híbridos (3,6% do total de parasitas avaliados), os quais foram recuperados dos grupos F1-42 DPI e F1-84 DPI. No segundo experimento também houve estabelecimento da infecção por ambas as espécies, com elevadas contagens de OPG e redução do volume globular nas coletas iniciais. As medidas das L3, bem como as análises morfológicas e moleculares de exemplares adultos, dos animais experimentais e traçadores demonstraram a eliminação da infecção por H. placei ao longo do tempo. Dois helmintos foram classificados como híbridos com a utilização dos mesmos primers espécies-específicos. No último estudo realizado, avaliou-se a mutação no gene da resistência ao levamisol por PCR convencional. Os primers utilizados propiciaram amplificação apenas das amostras oriundas de H. contortus. De 20 exemplares adultos de H. contortus provenientes do cordeiro doador, 85% (n=17) mostraram-se homozigotos resistentes e 15% (n=3), heterozigotos. Dos animais experimentais descritos no experimento 1, foram avaliados 126 exemplares de H. contortus, dos quais 97,6% (n=123) foram classificados como homozigotos resistentes e 2,4% (n=3) como heterozigotos. Em conclusão, demonstramos que ocorreu o estabelecimento de infecções mistas por H. contortus e H. placei em ovinos e, o acasalamento interespecífico pode resultar em descendentes híbridos. Contudo, quando ovinos infectados com H. contortus ou H. placei compartilharam as mesmas pastagens a competição interespecífica promoveu a extinção de H. placei (parasita oriundo de bovinos), com a permanência no rebanho apenas da população de H. contortus, espécie que possui os ovinos como hospedeiro preferencial. Em adição, os pares de primers de resistência ao levamisol não apresentaram bandas de amplificação com as amostras de DNA de exemplares de H. placei, contudo, o isolado de laboratório SpHco2 (H. contortus) apresentou resistência ao levamisol. (AU)

Processo FAPESP: 12/23941-2 - Interação entre as infecções por Haemonchus contortus e Haemonchus placei em ovinos
Beneficiário:Michelle Cardoso dos Santos
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado