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Utopia and pessimism in Plato's Republic

Texto completo
Autor(es):
Natalia Costa Rugnitz
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Lucas Angioni; Breno Andrade Zuppolini; Carolina de Melo Bomfim Araújo; Fernando Décio Porto Muniz; Inara Zanuzzi
Orientador: Lucas Angioni
Resumo

Este trabalho se insere na polêmica a respeito do caráter utópico da República de Platão. A tese é que só é legítimo considerar a República a utopia fundadora da literatura ocidental, se a obra for considerada, ao mesmo tempo, a primeira crítica da utopia da literatura ocidental. Diremos que os diversos paradigmas ali expostos são contestados por gestos dramáticos e teorias filosóficas abertamente pessimistas, e que este é o cerne da crítica em questão. No primeiro capítulo, nos concentraremos no gesto dramático em que a zombaria e o ridículo são utilizados como meios para impedir certas posições ingênuas e otimistas de Sócrates em relação à motivação humana. Veremos aqui um pessimismo implícito. No segundo capítulo, observaremos como Sócrates, ao mesmo tempo que constrói os diversos paradigmas, desenvolve, paralelamente, teorias propriamente filosóficas de conteúdo pessimista denso e explícito. Tentaremos extrair esse conteúdo colocando especial ênfase na teoria da alma tripartida e na alegoria da caverna, com o intuito de mostrar como nelas se desdobra uma visão (i) da interioridade humana em que o conflito interno entre as partes da alma é inevitável e, conseqüentemente, o estado psíquico ótimo, inatingível e (ii) do conhecimento, no qual a compreensão e comunicação da ideia do Bem escapa à inteligência humana, mesmo para as almas mais bem dotadas e educadas. Diremos que, por esses motivos, o ideal do filósofo, isto é, o ideal do dlmínio de si com base na razão esclarecida, é de consecução duvidosa e improvável, tornando assim duvidosa e improvável a figura do rei-filósofo e, portanto, também da Kallipolis sob sua regência. No terceiro capítulo, nos concentraremos no fenômeno do pessimismo, procurando expor suas raízes e percorrer a literatura secundária que o situa em relação ao pensamento platônico, em especial o da República. Concluiremos que, longe de constituir um paradoxo ou uma contradição, a República, neste contexto específico, apresenta-se como um exercício sem pretensões conclusivas mas intencionalmente aberto, cuja mensagem reside antes em uma recomendação metodológica relativa à procura da melhor vida possível—mas não em uma norma definitiva ou uma proposta igualmente consolidada para o seu empreendimento. Platão embarca na construção do ideal, mas convida simultaneamente a uma crítica desse ideal a partir da consideração exaustiva e filosófica das condições da experiência, apresentadas em toda a sua adversidade, bem como a uma ação positiva sobre tal experiência em direção ao ideal, não no sentido da sua realização final e absoluta, que se assume, no interior da própria obra e nas antípodas dos escritos utópicos tradicionais, impossível e até indesejável, mas em um sentido vinculado à resiliência, centrado na redução de danos e orientado a um progresso limitado, embora possível (AU)

Processo FAPESP: 13/26800-3 - Psicologia, Moral e Pessimismo na República de Platão
Beneficiário:Natalia Costa Rugnitz
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado