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Sistemas líquido-cristalinos como potencial estratégia para administração vaginal de ácido p-cumárico no tratamento de candidíase vulvovaginal

Texto completo
Autor(es):
Paula Scanavez Ferreira
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Araraquara. 2020-04-23.
Instituição: Universidade Estadual Paulista (Unesp). Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Araraquara
Data de defesa:
Orientador: Marlus Chorilli
Resumo

A candidíase vulvovaginal (CVV) é o tipo mais comum de vaginite aguda entre as mulheres, causada por fungos do gênero Candida spp. A Candida albicans é a espécie responsável por 80-90% dos casos, contudo nos últimos anos, houve um aumento no número de casos envolvendo outras espécies, sendo a Candida glabrata, a segunda mais reportada e mais resistente aos tratamentos convencionais. As terapias existentes para CVV apresentam desvantagens devido aos efeitos colaterais dos agentes antifúngicos utilizados e resistência fúngica prevalente. Como alternativa, compostos naturais como o ácido p-cumárico (p-AC) vêm sendo estudados devido à sua potencial atividade antifúngica. Todavia, seu caráter lipofílico dificulta sua solubilidade em água, diminuindo sua eficácia. A incorporação do p-AC em um sistema de liberação de fármacos (SLF), como os cristais líquidos (CLs), pode auxiliar na sua administração tópica, e assim aumentar sua solubilidade, eficácia, reduzir efeitos colaterais sistêmicos e potencializar sua ação na mucosa vaginal. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo desenvolver sistemas liquido-cristalinos com propriedades mucoadesivas para liberação controlada do ácido p-cumárico no tratamento de candidíase vulvovaginal, via administração tópica. A atividade antifúngica do p-AC foi avaliada a partir dos ensaios de concentração inibitória mínima (CIM), concentração fungicida mínima (CFM) , formação de biofilme e ensaio in vivo contra cepas de C. albicans (SC5314), C. glabrata (ATCC 2001) e C. krusei (ATCC 6528). Para o desenvolvimento das formulações, contruiu-se dois diagramas de fases constituídos de ácido oleico e colesterol (5:1 v/v), uma dispersão de poloxamer 16% e duas substâncias foram testadas: a trietanolamina (TEA) e o oleato de trietanolamina (TEA-Oleato). Após uma pré avaliação dos pontos selecionados de cada diagrama, dois sistemas (P24 e P29) do diagrama TEA-Oleato foram caracterizados visualmente, por microscopia de luz polarizada, reologia, análise de perfil de textura, análise de mucoadesão in vitro e perfis de liberação, permeação e retenção. Além dos sistemas originais, foram avaliadas suas respectivas diluições em muco artificial vaginal (30% e 100%), a fim de mimetizar o sitio de aplicação e verificar possíveis modificações nos CLs quando em contato com o muco vaginal. Os valores de CIM foram de 5000μg.mL-1 para p-CA, 1,0μg.mL-1 para anfotericina B (Anf. B) e ambas cepas foram resistentes ao fluconazol (Fluco). O valor de CFM para o p-AC foi 6000μg.mL-1. Nos ensaios de biofilme in vitro e in vivo, utilizou-se o valor de CFM do p-CA tanto para testar o fármaco livre e o incorporado; e 1000x CIM do Fluconazol e Anf. B. A partir dos resultados in vitro, observou-se que o p-AC demonstrou melhor inibição dos biofilmes maduros que Anf. B e Fluco. Enquanto o p-CA inibiu 98% do biofilme de C. albicans e 92% de C. glabrata apenas com o valor da CFM, Anf. B demonstrou taxas de inibição de 96% e 65% respectivamente, porém com seu valor de CIM aumentado em 1000x. À 1mg.mL-1, Fluco ainda apresentou menor eficácia, inibindo apenas de 30-40% dos biofilmes. Os sistemas incorporados apresentaram perfil mucoadesivo, estruturas características de CLs (cruzes de Malta e estrias), alta organização estrutural e pseudoplasticidade, parâmetros desejáveis para formulações tópicas. Os sistemas apresentaram perfis de liberação controlados em 12h (46% - 50% de p-AC liberado) quando comparado ao fármaco livre (87%). Os CLs também diminuíram a permeação do composto na mucosa vaginal de 38% para 9%, o que pode evitar efeitos sistêmicos. No ensaio in vivo, os CLs aumentaram a atividade antifúngica do Fluco e do p-AC, diminuíram a presença de formas filamentosas, além de que, no final do experimento, os CLs incorporados com p-AC apresentaram resultados similares àqueles incorporados com Fluco. A partir dos resultados obtidos, o p-AC demonstrou ser um composto natural com atividade antifúngica contra espécies do gênero Candida spp. A partir do presente trabalho foi possível obter CLs com características adequadas para administração via vaginal do p-AC e potencial inovador como SLF no tratamento da candidíase vulvovaginal. (AU)

Processo FAPESP: 17/22928-6 - Sistemas líquido-cristalinos como potencial estratégia para administração vaginal de ácido p-cumárico no tratamento de candidíase vulvovaginal
Beneficiário:Paula Scanavez Ferreira
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado