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A definição de justiça na República de Platão

Texto completo
Autor(es):
Ana Beatriz Barbosa de Carvalho e Silva
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD)
Data de defesa:
Membros da banca:
Marco Antonio de Avila Zingano; Roberto Bolzani Filho; Francesco Fronterotta; Daniel Rossi Nunes Lopes
Orientador: Marco Antonio de Avila Zingano
Resumo

Na presente dissertação de mestrado, propomos uma interpretação do Livro IV da República de Platão, que defende a fórmula to ta hautou prattein, ou \"fazer o que lhe é próprio\", como uma definição plausível de justiça. A busca por tal definição mobiliza as bases do pensamento de Platão, pois toca na pergunta de tipo socrático \"o que é?\", insere-a no contexto metafísico dos Diálogos Médios e demanda o sentido de uma virtude moral. O problema central discutido nesta pesquisa é compreender a resposta de Platão - fundamentada \"nas coisas\" (en autois Rep. 444A4-6) - à pergunta \"o que é a justiça\", em contraste com a alegação de haver \"a Forma da justiça ela mesma\", κατ' αὐτὸ τὸ τῆς δικαιοσύνης εἶδος, (Rep. 435b2). O principal objetivo desta investigação é reconstruir os pressupostos que conferem à justiça a fórmula definicional \"fazer o que lhe é próprio\" (Rep. 443c-444a to ta hautou prattein). Nossa leitura testa a hipótese de que há, de fato, uma definição de justiça na República, averiguando se a expressão \"fazer o que lhe é próprio\" cumpre, adequadamente, o papel definicional e explica o conteúdo moral dessa virtude. Concluímos que \"fazer o que lhe é próprio\" constitui uma definição de tipo paradigmática. Considerando que a referida fórmula é o princípio de construção de exemplares perfeitos de justiça, preenchemos os critérios formais de universalidade e igualdade entre o definiens e o definiendum - como era demandado pelos diálogos socráticos -, ao mesmo tempo em que atendemos ao critério ontológico de se adotar uma Forma como referente - tal como requerido pela metafísica dos Diálogos Médios. Quanto à função explicativa da definição de justiça, a fórmula delimita, precisamente, o sentido da virtude buscada porque aponta o caso mais exemplar de justiça, no melhor mundo possível. Desse modo, a pesquisa contribui para uma postura interpretativa mais unitarista do corpus platônico, ao sugerir que o projeto de encontrar uma definição universal, unificada e explicativa não foi completamente abandonado nos Diálogos Médios. (AU)

Processo FAPESP: 16/04948-7 - A justiça como 'harmonia psíquica' e a tripartição da alma na 'República' de Platão
Beneficiário:Ana Beatriz Barbosa de Carvalho e Silva
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado