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Depósitos orogênicos e bacia extensional: o embasamento metassedimentar e a cobertura da margem passiva no orógeno Brasília meridional

Texto completo
Autor(es):
Alice Westin Teixeira
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: São Paulo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP). Instituto de Geociências (IG/BT)
Data de defesa:
Membros da banca:
Mario da Costa Campos Neto; Ciro Alexandre Ávila; Valdecir de Assis Janasi; Marcio Martins Pimentel
Orientador: Mario da Costa Campos Neto
Resumo

Estudos de proveniência e ambientação tectônica de bacias do Proterozóico são indispensáveis para o entendimento dos processos de geração de crosta continental e evolução geotectônica da Terra ao longo da história. Estas bacias sedimentares encontram-se geralmente em faixas orogênicas e deformadas por sucessivos eventos tectonotermais, ocasionando muitas vezes a separação física entre bacia e área-fonte. Estas características tornam imprescindível a utilização de análises químicas e isotópicas em rocha total e em minerais detríticos, combinadas a mapeamentos geológicos. Análises de elementos maiores, menores, elementos-traço e de isótopos de Nd e de Sr em rocha total e de U-Pb, Lu-Hf e elementos-traço em cristais detríticos de zircão foram as ferramentas utilizadas na presente tese. Estas metodologias foram aplicadas na investigação da proveniência e ambiente tectônico durante a sedimentação do Complexo São Vicente e do Grupo Carrancas, respectivamente metassedimentos do embasamento e da cobertura da margem passiva Sul-Sãofranciscana da Paleoplaca São Francisco-Congo e localizados no Orógeno Brasília Meridional. O Complexo São Vicente compreende rochas metassedimentares imaturas, associadas a rochas cálcio-silicáticas e rochas metamáficas e metaultramáficas subordinadas. A área-fonte era constituída por granitóides e rochas vulcânicas de idades entre 2,17 Ga e 2,13 Ga, de assinatura isotópica juvenil, gerados em arco magmático cálcio alcalino. Granitóides do Arqueano e do Paleoproterozóico, de assinatura crustal, participaram, secundariamente, da área-fonte. Hornblenda anfibolitos, intercalados às rochas metassedimentares e associados à metaultramáficas, registram um magmatismo juvenil sin-sedimentar de idade em ca. de 2,14 Ga. A deposição ocorreu em ambiente orogênico, intra-arco magmático, durante o Riaciano e a área-fonte provável encontra-se nas rochas magmáticas do Complexo Pouso Alegre. Há cerca de 1,7 Ga o conjunto orogênico encontrava-se em ambiente tectônico estável, atestado pela intrusão, nos Complexos São Vicente e Pouso Alegre, do granito anorogênico do tipo-A Taguar . O Grupo Carrancas constitui-se de uma pilha litoestratigráfica organizada na Unidade Quartzítica Inferior, Formação Campestre intermediária (metapelitos intercalados a muscovita quartzitos subordinados) e Unidade Quartzítica Superior. Assinaturas geoquímicas de rocha total e de cristais de zircão detríticos, aliadas ao desconhecimento de magmatismo sin-sedimentar e do caráter alóctone a para-autóctone em relação à margem cratônica retrabalhada, evidenciam a deposição destas unidades em ambiente de margem continental passiva no início do Neoproterozóico (idade máxima de deposição em 0,9 Ga). A Unidade Quartzítica Inferior preserva os registros da erosão de granitóides juvenis de ca. de 2,1 Ga, provavelmente do Complexo Pouso Alegre e da reciclagem sedimentar do Complexo São Vicente, soerguidos, em regime extensional, no início do Neoproterozóico. As cadeias de montanhas de ca. de 1,0 - 0,9 Ga na borda leste-Congo da Paleoplaca São Francisco-Congo podem ter ocasionado a transgressão marinha sobre a borda Sul-Sãofranciscana, cobrindo, paulatinamente, a área-fonte juvenil do Riaciano e invertendo o aporte de sedimentos. A provável área-fonte da Formação Campestre estaria nos granitóides do Cinturão Mineiro e na reciclagem das unidades do Supergrupo Espinhaço (cristais de zircão detríticos de assinatura crustal e idade entre 2,1 Ga e 1,6 Ga). Esta unidade intermediária seria o equivalente distal da Unidade Quartzítica Superior, fácies de proveniência principal em rochas mesoproterozóicas juvenis, de origem provável na erosão das montanhas do leste-Congo (orógenos Kibaran, Irumide e Irumide Meridional - cristais de zircão detrítico entre 1,5 Ga e 1,0 Ga e com assinatura de Hf juvenil). Os resultados aqui expostos trazem novas evidências de geração de crosta em ca. de 2,1 Ga em arcos magmáticos juvenis e reforçam o modelo de divisão do Orógeno Brasília Meridional em alóctones relacionados à margem ativa do Bloco Paranapanema, à margem passiva Sul-Sãofranciscana da Paleoplaca São Francisco-Congo e depósitos do tipo flysch sin-colisionais. (AU)

Processo FAPESP: 11/13311-9 - O Sistema de Nappes Carrancas na porção meridional do Orógeno Brasilia: proveniência sedimentar e ambientação tectônica
Beneficiário:Alice Westin Teixeira
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado