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A dramaturgia de chico buarque.

Processo: 96/04449-5
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Mestrado
Vigência (Início): 01 de julho de 1996
Vigência (Término): 31 de dezembro de 1998
Área do conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Letras - Literatura Brasileira
Pesquisador responsável:Joao Roberto Gomes de Faria
Beneficiário:Adriano de Paula Rabelo
Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Assunto(s):Dramaturgia   Brasil
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Brasil | Chico Buarque | Dramaturgia | Nacional-Popular | Periodo (1964-1984) | Teatro (Moderno)

Resumo

Chico Buarque de Holanda é um artista que se tomou um dos símbolos vivos da nacionalidade brasileira. Como músico popular, tem sido, nos últimos trinta anos, uma das personalidades de maior destaque no panorama cultural deste país. Sua produção dramatúrgica e, mais recentemente, sua produção romanesca muito têm contribuído no debate e na compreensão do Brasil destas últimas décadas. A pesquisa da qual este Projeto será ponto de partida e agente norteador constituir-se-á de um estudo aprofundado e, na medida do possível, sistemático da dramaturgia de Chico Buarque. A trajetória do dramaturgo inicia-se em 1968 com Roda-viva, dirigida por José Celso Martinez Corrêa, montagem que provocou escândalo e violência num momento político dos mais terríveis de nossa história. Calabar, escrita em parceria com o cineasta Ruy Guerra, foi proibida pela Censura, sendo publicada em livro em 1973, cinco anos após o devastador Ato Institucional número 5, que inaugurou um período de intensa repressão oficial à liberdade de expressão, atingindo duramente o teatro brasileiro. Gota d'água, escrita também em parceria, agora com Paulo Pontes, é de 1975. Ópera do malandro é uma comédia musical saída em livro e estreada em 1978. Percebe-se no teatro de Chico Buarque o desenvolvimento de um método, uma técnica e uma ideologia muito peculiares ao autor. O método consiste no trabalho em parceria. A direção de José Celso Martinez Corrêa para Roda-viva valeu por uma verdadeira reelaboração do texto original. Em Calabar e Gota d 'água, a parceria se dá na própria escritura da peça, sendo os co-autores Ruy Guerra e Paulo Pontes respectivamente. Em Ópera do malandro, pode-se considerar que a parceria se dá em nível teórico e abstrato com John Gay e Bertolt Brecht. A técnica baseia-se em reescrever histórias ou mesmo reescrever a História. Calabar, tematizando a traição, propõe uma reconsideração do que representou Domingos Fernandes Calabar na história do Brasil, enxergando-o de forma independente, não com os olhos do colonizador português (que determinou a interpretação histórica oficial). Gota d'água recria, ambientada num conjunto habitacional suburbano, a trama da tragédia Medéia, elaborada pela primeira vez para o teatro por Eurípides há 2.400 anos. Ópera do malandro inspira-se em duas outras peças, a Ópera do mendigo (1728) de John Gay e a Ópera dos três vinténs (1928) de Bertolt Brecht. Na dramaturgia do autor, apenas Roda-viva possui um enredo original, tratando da súbita ascensão e queda inexorável de um ídolo da música popular, promovidas pela televisão e pela instável indústria cultural de massas. A ideologia identifica-se com o pensamento da esquerda política brasileira, especialmente aquela dos anos 60 e 70, classe média, intelectualizada, passional e emocionada. Roda-viva expõe a violência de um sistema enorme e opressor. Calabar é uma proposta de teatro em nome do povo, de interpretação histórica sob a ótica do povo. Em Gota d'água, a protagonista, Joana, traída e abandonada pelo marido Jasão e expulsa do conjunto habitacional da Vila do Meio-dia por Creonte (o proprietário), funciona como uma verdadeira alegoria do povo brasileiro. Em Ópera do malandro, a adesão explícita ao ideário de Bertolt Brecht já é bastante reveladora. As formulações teóricas brechtianas foram preponderantes como suporte ideológico da esquerda brasileira. Esta peça dialoga com as Óperas de John Gay e de Brecht, sendo que a Ópera do mendigo aborda o nascimento do capitalismo; a ópera dos três vinténsy sua decadência; e a Ôpera do malandro, o capitalismo multinacional. Percebe-se que a discussão do nacional-popular é, realmente, uma linha-mestra da dramaturgia de Chico Buarque. (AU)

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Publicações acadêmicas
(Referências obtidas automaticamente das Instituições de Ensino e Pesquisa do Estado de São Paulo)
RABELO, Adriano de Paula. O Teatro de Chico Buarque. 1999. Dissertação de Mestrado - Universidade de São Paulo (USP). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/SBD) São Paulo.

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