O espaco do real: a metalinguagem nos documentarios de eduardo coutinho.

Resumo

A obra de Eduardo Coutinho é um marco na cinematografia brasileira e uma referência obrigatória para os estudiosos do gênero documentário. Contudo, há ainda um vasto campo de sua produção carente de ser explorado pela crítica. A presente pesquisa, "O espaço do real: a metalinguagem nos documentários de Eduardo Coutinho", tem por objeto seus documentários produzidos em película e vídeo, de longa e média metragem, inclusive os realizados para o programa Globo Repórter. O objetivo é analisar a metalinguagem como um traço característico de sua obra e investigar o modo pelo qual ela viabiliza o espaço do real. A hipótese é de que os procedimentos metalingüísticos em Coutinho permitem ao espectador adentrar os mecanismos de produção do filme, quebrando, assim, a ilusão de que o filme seria uma cópia ou o espelho do real. A metalinguagem revela o dispositivo cinematográfico (conceito a ser utilizado à luz das teorias recentes), voltando-se para sua própria estrutura, e essa auto-referencialidade acaba por produzir uma auto-reflexividade. O presente estudo fará uma breve incursão à bibliografia sobre metalinguagem e auto-reflexividade (sem querer abarcá-lo no todo), mas sempre tomando por ferramentas básicas conceitos que dizem respeito especificamente ao documentário, como os de Nichols e Bernardet. E desenvolverá uma meditação, no caso, obrigatória, sobre o efeito de distanciamento formulado por Brecht, seus desdobramentos e aplicabilidade no caso de Coutinho. (AU)