Plantas alimentares de raízes e tubérculos na agricultura familiar: um estudo de caso com enfoque etnobotânico com agricultores do município de Rio Claro

Resumo

A erosão genética de espécies silvestres e domesticadas, provocada pelos processos associados à Revolução Verde, despertou o interesse mundial pela agrobiodiversidade manejada em sistemas agrícolas de pequena escala onde situam-se agricultores familiares. Devido à sua importância para a segurança alimentar, em escala local e global propostas de conservação "in situ" e "on farm" têm sido elaboradas. Quando cultivam várias espécies e variedades, os agricultores garantem maior flexibilidade para lidar com eventos diferenciados que possam interferir na produção dos cultivos, sejam biológicos ou sociais. Essa dinâmica da escolha dos cultivos e forma de produção é influenciada pelo contexto social e econômico vivido pelos agricultores. É de suma importância que se avaliem os rumos que os agricultores familiares estão tomando, as opções que se configuram para valorização da posição social que os mesmos ocupam e quais as implicações disso na manutenção da diversidade agrícola. As tuberosas estão bem representadas no conjunto de plantas domesticadas nas terras baixas da América Central e do Sul; deste conjunto, a mandioca (Manihot esculenta Crantz) é a espécie que se sobressai, sendo a agricultura familiar responsável por 87% da sua produção no Brasil. O presente estudo tem como objetivos realizar um levantamento etnobotânico dos cultivos alimentares de raízes e tubérculos de agricultores familiares do município de Rio Claro, São Paulo, e analisar os aspectos sócio-econômicos e estratégias de vida que as famílias de agricultores adotam e assim contribuir para elaboração de estratégias para a conservação "in situ" de variedades alimentícias de raízes e tubérculos por eles produzidas e para potencial continuidade das atividades pelas gerações futuras. (AU)