Consumo de massa à luz do conceito lacaniano de discurso da histeria

Resumo

A pesquisa focaliza o período de 1850 a 1970, caracterizado como segunda modernidade, quando o consumo cresce extraordinariamente em importância, adquirindo caráter de massa e passando a rivalizar com a produção como paradigma de reprodução social. A proposta é entender o processo de motivação dos consumidores à luz do conceito de discurso da histeria, que integra a matriz dos discursos de Jacques Lacan. Em linhas gerais, no arcabouço discursivo do consumo, o consumidor, como sujeito dividido, aloja-se na posição do agente, impelido pela falta, na posição da verdade. Ao questionar o publicitário sobre seu desejo, o consumidor entroniza-o como significante-mestre, na posição do outro do discurso. O mesmo papel é desempenhado pelos modelos utilizados para seduzir o consumidor e pelos alvos que este, por sua vez, é encorajado a seduzir. Urde-se na operação um saber que tenta dar conta do desejo do consumidor e que, como bateria de significantes, se rebate sobre o universo das mercadorias. A disjunção de impotência, na linha inferior, indica que nesse processo há gozo parcial bem como insatisfação, razão para que ele se repita indefinidamente. A partir desse esquema preliminar, a ideia é revisar a literatura teórica mais relevante sobre o consumo de massa e aprofundar a análise de seus mecanismos. Na execução dessa tarefa, outros elementos do arsenal conceitual lacaniano serão mobilizados. Trata-se, portanto, de um trabalho interdisciplinar ancorado na abordagem dos laços sociais via psicanálise lacaniana.