Investigando a diversidade de Mesoeucrocodylia na passagem K-Pg através de uma perspectiva morfofuncional e biogeográfica

Resumo

Apesar de restritos em número de espécies, morfologia e distribuição geográfica, as espécies viventes de crocodilomorfos (Archosauria, Crocodylomorpha), os crocodilos, jacarés e gaviais, representam apenas uma fração de sua diversidade pretérita, que data desde o Triássico (~210 m.a.). Os crocodilomorfos se estabeleceram e diversificaram durante o Mesozoico e, ao contrário de demais tetrápodes de grande porte, não sucumbiram ao evento de extinção em massa do Cretáceo-Paleogeno (K-Pg). Apesar de várias linhagens terem se extinguido, formas especializadas do Cretáceo seguiram presentes no Cenozoico, como os hipercarnívoros terrestres Sebecidae e os predadores marinhos Dyrosauridae. Ainda que existam estudos buscando entender a relação entre diversidade de crocodilomorfos e eventos de extinção, não foram desenvolvidas análises que investiguem se a morfofunção (i.e., forma ligada à função de um sistema) desempenhou um papel relevante na sobrevivência do grupo ao evento K-Pg. O presente projeto visa investigar a relação da diversidade de crocodilomorfos no Cretáceo-Paleogeno com base em em perspectivas morfofuncionais e biogeográficas, focando nas duas grandes linhagens de Mesoeucrocodylia com registros cenozoicos, Notosuchia e Neosuchia. Os subprojetos de cunho morfofuncional irão comparar a biomecânica mandibular de táxons correlatos do Cretáceo e Paleogeno através do uso de análise de elementos finitos e cálculo de ganho mecânico, ferramentas que permitem uma avaliação quantitativa comparativa. O subprojeto focado em biogeografia visa entender se a enorme diversidade e ampla distribuição dos Notosuchia do Cretáceo estão ligadas a padrões climáticos globais. Tal abordagem multidisciplinar é inovadora e possui grande potencial de elucidar questões associadas à diversidade desses organismos no contexto de uma grande extinção em massa.