Definição de conteúdos voláteis dos magmas geradores das rochas silícicas tipo Palmas - Província Magmática Paraná-Etendeka

Resumo

A Província Magmática Paraná-Etendeka (PMPE), foco do estudo, possui o maior volume preservado de lavas silícicas dentre as LIPs continentais no planeta. Divididas em dois grupos de acordo com o teor de Ti, tem-se as lavas silícicas tipo Palmas (baixo-Ti) e as do tipo Chapecó (alto-Ti). O estilo eruptivo das lavas silícicas da PMPE é palco de discussões e controvérsias. Por conta da alta semelhança textural entre fluxos de lava silícica e ignimbritos altamente soldados, sua distinção torna-se incerta. Além desse fator, a alta taxa de intemperismo e o número limitado de afloramentos contínuos são fatores adversos à interpretação de tais rochas. Estudos recentes sugerem um estilo eruptivo predominantemente efusivo para as lavas com base na baixa viscosidade e alta temperatura (~1000ºC) durante a erupção e na presença de estruturas efusivas. Em contrapartida, ao comparar com as silícicas da porção Etendeka da PMPE, alguns autores sugerem uma origem explosiva e classificam as rochas como ignimbritos altamente soldados originados do complexo Messum.A colocação de uma LIP é acompanhada de uma expressiva liberação de gases e material particulado na atmosfera. Em condições subaéreas, a ejeção de cinzas e SO2 é atrelada a um resfriamento global de curta duração, enquanto o gás CO2 relaciona-se com um aquecimento global de longo prazo. O evento de anoxia oceânica e resfriamento global do Valanginiano pode ter sido influenciado pela colocação da PMPE, dada sua contemporaneidade, contudo, o grau de influência e exatidão cronológica ainda não estão devidamente estabelecidos. Estimativas do conteúdo de voláteis exalados por uma província magmática, a fim de avaliar seus efeitos climáticos, são feitas a partir da determinação de concentrações em melt inclusions, da efetividade de desgaseificação e do volume de lava produzida. O presente projeto pretende, primariamente, adquirir dados que auxiliem na interpretação do estilo eruptivo das rochas silícicas tipo Palmas. Esses dados, todavia, poderão ser utilizados como base de cálculo para o potencial exalativo dos magmas e os resultados terão, portanto, aproveitamento direto na construção do conhecimento acerca dos potenciais efeitos climáticos das rochas silícicas da província.Ao combinar os dados a serem obtidos pela petrografia (microscopia óptica, microscopia eletrônica e catodoluminescência) com estudos por CSD, pretende-se identificar características dos ambientes de cristalização, tais como: pressão, taxas de cristalização, períodos de residência, evidências de mistura de magmas entre outras. A depender de cada um desses parâmetros, poderá ser desenvolvida a história evolutiva do magma, desde certa profundidade até a superfície. Serão realizadas análises por espectrometria Raman e com microssonda eletrônica em cristais de clinopiroxênio, apatita e melt inclusions não-homogeneizadas presentes em cristais de plagioclásio, com o objetivo de caracterizar a natureza e o teor de seus voláteis. Além disso, serão feitas análises por espectrometria de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) em plagioclásio e piroxênio, com intenção de quantificar o teor de água no magma. A partir da interpretação conjunta de todos esses dados, pretende-se contribuir para o melhor entendimento do estilo eruptivo das lavas silícicas PMPE e dos voláteis exalados a partir das mesmas.