O impacto eventos adversos na infância materna sobre a nutrição materna no período gestacional e volume cerebral da prole

Resumo

Eventos adversos na infância (EAIs) incluem fatores como abuso emocional e físico, múltiplos episódios de violência e abuso sexual, pobreza e saúde mental parental. Tal exposição pode resultar em prejuízo no desenvolvimento de crianças e adolescentes, como o neurodesenvolvimento, aumentando o risco para desenvolvimento de transtornos depressivos e ansiosos ao longo da vida. Há evidências emergentes sugerindo que os efeitos neurobiológicos do estresse variam de acordo com o tempo, intensidade da exposição e estágio de desenvolvimento que ele acontece. Desta forma, situações de estresse perinatais têm sido associadas a desfechos negativos na vida dos bebês, como depressão e/ou ansiedade que podem se manifestar ao longo de sua vida. Estudos demonstram que os EAIs, ao longo prazo, podem impactar sobre a ingestão de nutrientes, o que pode repercutir sobre a saúde do indivíduo na idade adulta. Ainda, estudos apontam para o estresse como fator atuando sobre o processo de nutrição, inclusive durante o período gestacional. Além dos efeitos que os EAIs têm sobre o indivíduo diretamente exposto, seus efeitos podem ser transmitidos para a prole deste indivíduo, o que é chamado transmissão intergeracional do trauma. Evidencias demonstram que crianças e bebês que vivem em situações insalubres, em abrigos para menores, exibiam perímetro cefálico abaixo dos valores esperados, apresentando persistência mesmo após realocação a uma nova família. Também, há efeitos dos eventos adversos na infância no neurodesenvolvimento, acarretando alterações encefálicas tanto funcionais quanto estruturais. O objetivo deste projeto é avaliar se existe uma associação entre os eventos adversos na infância materna com a ingesta materna de nutrientes no período gestacional, volume cerebral e perímetro cefálico da prole nos primeiros anos de vida.