Desenvolvimento de um biopesticida a base de actinobactérias para o manejo de fitonematóides

Resumo

A comunidade microbiana do solo apresenta relação direta com a sanidade vegetal e tem sido considerada um dos principais pilares para a sustentabilidade agrícola dos próximos anos. Alguns processos encontram-se fortemente consolidados, como a fixação biológica do nitrogênio na cultura da soja através da inoculação por Rhizobium spp. e Bradyrhizobium spp., o controle biológico de insetos-praga em milho, cana de açúcar, algodão dentre outras culturas por Bacillus thuringiensis e/ou transgenia Bt, bem como o manejo de fungos fitopatogênicos radiculares por espécies dos gêneros Trichoderma, Clonostaschys e Ampelomyces. Apesar desses organismos constituírem apenas uma pequena parcela, dentre as possibilidades biotecnológicas da microbiologia agrícola, tais abordagens já representam um valioso passo em direção ao futuro da agricultura. Dessa forma, para o presente projeto, esforços serão concentrados ao desenvolvimento de um agente biológico a base de actinobactérias, para o controle de nematóides fitoparasitas. Bactérias da classe actinobacteria são intensamente exploradas pela indústria farmacêutica, por conta da sua versatilidade metabólica para produção de compostos bioativos, dentre eles antibióticos, antivirais, antifúngicos, anti-helmínticos e imunossupressores. No entanto, o potencial bioativo de actinobactérias pela indústria agrícola brasileira ainda é incipiente, não havendo até o momento nenhum produto dessa natureza regulamentado no sistema AgroFit. Por outro lado, insumos biológicos à base de actinobactérias têm movimentado o mercado agrícola mundial de forma consistente, tendo como destaques os produtos Actinovate, MicroPlus108 Seed (Novozymes A/S), Mycostop (YanTen Biotech Ltd) e PH-D Fungicide (Arista LifeScience Co.), recomendados principalmente como agentes de controle biológico e promotores de crescimento vegetal. O manejo de fitonematóides para a agricultura mundial é um assunto extremamente preocupante, desafiador e necessário, uma vez que a ação desse grupo parasita acomete perdas anuais estimadas em US$: 100 bilhões e redução entre 10 e 15% de toda produtividade mundial de alimentos. No Brasil, por exemplo, os prejuízos estão estimados na ordem de R$: 35 bilhões anuais, havendo maior impacto econômico na produtividade de soja e cana de açúcar. Convém ressaltar que nenhuma prática de manejo isolada se mostrou suficiente para eliminar a presença de fitonematóides no solo, sendo, portanto, necessária a aplicação de abordagens integradas, dentre as quais destaca-se o uso de agentes biológicos. Como principais vantagens, a incorporação de produtos biológicos no manejo agrícola possibilita uma maior seletividade sob espécies não alvo, um menor efeito acumulativo de compostos xenobióticos no ambiente e a produção de alimentos com menores índices de resíduos químicos. Cientes do potencial bioativo das actinobactérias e amparados pela necessidade de um agente biológico voltado ao manejo de nematoides fitoparasitas, acreditamos no potencial inovativo de um novo produto ao crescente mercado de biológicos e ao manejo de fitopatógenos. O crescimento do setor no Brasil foi de 42% entre 2019 e 2020, com aumento de mais 33%, entre os anos de 2020 e 2021. A estimativa para o ano de 2030 é que o mercado de agentes biológicos possa atingir valores próximos a R$: 17 bilhões. Portanto, por meio de uma equipe altamente qualificada, os resultados trarão contribuições eficientes, inovadoras e valiosas para o setor, as quais fundamentarão a proposta como projeto empreendedor às próximas fases do programa. (AU)