Os caminhos de Mariza Corrêa em Portugal: a busca por três figuras femininas e suas contribuições à história da antropologia

Resumo

Mariza Corrêa (1945-2016) foi uma antropóloga brasileira que se dedicou a dois principais temas de pesquisa: os estudos de gênero e a história da antropologia, campos que buscou frequentemente relacionar. Em relação à historiografia da disciplina, seu trabalho foi majoritariamente focado no caso brasileiro, mas o cenário internacional sempre esteve também em seu horizonte (o que pode ser percebido através de algumas publicações de sua autoria e de documentos que contam algumas histórias de seus interesses sobre a prática desta disciplina em diversos contextos). Um de seus focos de interesse foi a antropologia portuguesa, mais especificamente, a relação entre gênero e história da disciplina no país. Entretanto, esses esforços nunca foram divulgados e seus indícios aparecem apenas em seu acervo (atualmente sob a guarda do Arquivo Edgard Leuenroth, na Unicamp). Dessa forma, essa proposta de Bolsa de Estágio em Pesquisa no Exterior tem como objetivos ampliar a pesquisa já realizada no Brasil, compreendendo uma esfera do trabalho de Corrêa pouco conhecida, a circulação de pessoas e de ideias entre os dois países, dando continuidade ao trabalho iniciado pela antropóloga referente à relação entre gênero e a história da antropologia portuguesa, assim como foi o caso de suas reflexões sobre a antropologia brasileira. Estruturarei minha pesquisa sobre este âmbito da trajetória de Corrêa a partir do caminho traçado no início dos anos 2000 pela antropóloga no país europeu, e de seu foco em três figuras femininas (Maria Archer, Margot Dias e Maria Lamas). Assim, creio ser possível ampliar um debate já realizado em outras searas, bem como compreender as contribuições destes interesses de pesquisa para o trabalho da antropóloga, assim como para uma análise se sua trajetória.