Avaliação da co-exposição do neurofármaco carbamazepina e do cálcio na morfologia testicular e hepática de Astyanax lacustris (Characiformes: Characidae) em exposição sub-crônica.

Resumo

O ambiente aquático apresenta uma riqueza biológica ímpar, abrigando diversas formas de vida. Porém, sabe-se que este ambiente é o destino de muitos poluentes, que em consequência, além de causar a contaminação local, ainda podem causar desregulações fisiológicas, lesões ou até a morte de organismos que nele habitam. Dentre eles, os fármacos ganham destaque, uma vez que, os níveis encontrados nesses ambientes têm crescido exponencialmente. Como exemplo, podemos citar a Carbamazepina (CBZ), que é um antiepilético com propriedades psicoativas considerado persistente no ambiente aquático e, que já foi encontrado em águas de consumo humano. Estudos demonstraram que a CBZ pode causar alterações na fisiologia reprodutiva, danos hepáticos, estresse oxidativo, bioacumulação nos tecidos, redução de respostas enzimáticas e muitos outros problemas. Além disso, em conjunto com a presença de outros compostos, como por exemplo, íons e metais, podem atenuar/agravar a biodisponibilidade do fármaco no ambiente e consequentemente diminuir/aumentar os danos fisiológicos nos organismos. Um mecanismo de ação da CBZ é a inibição dos canais de sódio e cálcio dependentes de voltagem e, considerando-se que a presença de outros compostos pode influenciar na sua biodisponibilidade, o objetivo do presente estudo será avaliar a influência da co-exposição da carbamazepina e de cálcio na morfologia testicular e hepática de Astyanax lacustris em exposição sub-crônica. Os resultados obtidos contribuirão para uma ação urgente no conhecimento da ecotoxicidade de CBZ, um fármaco de preocupação emergente com possíveis ações de desregulador endócrino e reprodutivo em peixes teleósteos.