Anatomia da madeira de Viscaceae brasileiras: uma comparação com lenhos de outras ervas-de-passarinho

Resumo

Dentre a enorme diversidade de formas de vida em angiospermas, uma das mais peculiares é o parasitismo, que surgiu 12 vezes ao longo da história evolutiva deste grupo. Todos estes clados apresentam em comum o haustório, uma estrutura adaptada para a aquisição de nutrientes de uma planta hospedeira. Desses parasitas, o maior grupo é Santalales, ordem na qual é muito frequente o hábito de erva-de-passarinho: plantas hemi- ou holoparasitas arbustivas que germinam diretamente sobre o caule da hospedeira. Diversos estudos já foram realizados sobre a morfo-anatomia dos haustórios, em especial nas famílias Loranthaceae e Viscaceae, mas ainda são poucas as análises, muito menos comparativas, de anatomia da madeira nestas famílias. Variáveis como dimensões de cada tipo celular presente no lenho, disposição do parênquima e vasos, densidade de fibras, entre outros, são úteis não só para complementar e ampliar o entendimento da própria anatomia destas espécies e famílias, mas também para elucidar questões sobre a evolução, hidráulica, desenvolvimento e mecânica destas parasitas. Dado isso, este estudo objetiva realizar tais análises anatômicas em ervas-de-passarinho, com foco em Viscaceae brasileiras e as comparando com espécies da mesma família de outras regiões do mundo e com espécies de Loranthaceae, de modo a averiguar se existe algum padrão anatômico da madeira para este hábito, sobretudo nestas famílias.