Elaboração de uma classificação das estratégias que os adolescentes adotam para enfrentar o bullying homofóbico

Resumo

Os estudos que examinaram as estratégias utilizadas para lidar com o bullying homofóbico tendem a fazê-lo desde uma concepção geral de enfrentamento, sem destacar condutas específicas diante da vitimização. Nessa perspectiva, estudos sobre as estratégias para lidar com o bullying na adolescência indicam que o apoio social é eficaz para romper com a vitimização. No entanto, o apoio tende a diminuir, drasticamente, no bullying homofóbico, porque é mediado pelo estigma social e pela discriminação que sofrem as pessoas LGBT+. Portanto, os estressores de adolescentes que sofrem esse tipo de violência, requerem enfrentamentos específicos. O objetivo desta proposta de pesquisa de pós-doutorado é desenvolver uma classificação das estratégias que os adolescentes, do gênero masculino sobreviventes do bullying homofóbico, utilizam para lidar com a vitimização. Em primeiro lugar, uma classificação dessas estratégias será desenvolvida mediante 32 produções narrativas com sobreviventes do bullying homofóbico do Brasil e da Espanha de 14 a 25 anos e com base em uma revisão da literatura científica utilizando o software ATLAS.ti 8.4. Logo, o conteúdo da classificação será revisado por um painel internacional de 20 a 30 especialistas por meio de um estudo Delphi que incluirá duas rodadas. Os dados quantitativos serão analisados por meio do software SPSS.22.0. Serão calculadas as estatísticas descritivas das pontuações atribuídas a cada componente da classificação. Serão realizados testes não paramétricos de Wilcoxon Z para amostras relacionadas, a fim de avaliar a possível diferença de classificação entre as adequações nas duas rodadas do estudo Delphi. Espera-se que a compreensão dessas estratégias possa fornecer material relevante para lidar com a homofobia nos centros educativos, contexto que pode ser um dos melhores canais para intervenções psicossociais e pedagógicas provocando uma mudança social positiva com respeito à diversidade sexual e de gênero. As escolas terão, assim, a oportunidade de formar a comunidade educativa na detecção, prevenção e intervenção pró-social, face ao bullying homofóbico.