A ambivalência do desenvolvimento sustentável: análise dos impactos da territorialização dos parques eólicos nas comunidades de Fundo e Fecho de Pasto do Semiárido baiano

Resumo

O desenvolvimento sustentável é uma tentativa de esclarecimento da modernidade diante da emergência das questões ambientais causadas pelo modo de produção econômico hegemônico desta mesma modernidade. Na agenda 2030 das Nações Unidas, sobre os objetivos do desenvolvimento sustentável, dentro do sétimo objetivo uma das metas é promover a transição energética do uso dos combustíveis fósseis para uma matriz baseada nas energias renováveis. A territorialização dos parques eólicos, entendida como movimento derivado da disputa territorial entre as empresas energéticas e as comunidades tradicionais, é uma tentativa de alcançar este objetivo. Diante disso, a grande questão deste projeto é compreender como e porquê esta tentativa de transição energética, baseada no uso de fontes alternativas de energia e amparada pela agenda 2030, pode estar produzindo e distribuindo, de maneira desigual no espaço geográfico, riscos para povos e comunidades tradicionais. Para isso, partimos da hipótese de que o avanço da produção das energias renováveis, a partir do paradigma do desenvolvimento sustentável, se configura como mais uma forma de normatização do território para acumulação de capital. Para executar esta proposta pretendemos realizar uma revisão do referencial teórico e trabalhos de campo, que tem como objetivos coletar dados primários e nos aproximar da realidade que pretendemos investigar, em municípios do semiárido baiano que possuem comunidades de Fundo e Fecho de Pasto impactadas pela territorialização dos parques eólicos em temporalidades diversas, ou seja, nas suas várias etapas de territorialização. Como resultado esperado, pretendemos desenvolver um banco de dados com informações, quantitativas e qualitativas para analisarmos, a partir da correlação das informações coletadas, as sinergias e trade offs produzidos por esta territorialização, além de propormos uma outra forma de normatização destes territórios. (AU)