Bolsa 22/02712-7 - Pierre Bourdieu, Representação - BV FAPESP
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Poesia, poder e resistência: a instrumentalização da cantoria no contexto das relações sociais e étnico-raciais do nordeste entre o final do século xix e início do xx

Processo: 22/02712-7
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Doutorado
Data de Início da vigência: 01 de abril de 2023
Data de Término da vigência: 31 de dezembro de 2026
Área de conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Letras - Literatura Brasileira
Pesquisador responsável:Francisco Claudio Alves Marques
Beneficiário:Gustavo Henrique Alves de Lima
Instituição Sede: Faculdade de Ciências e Letras (FCL-ASSIS). Universidade Estadual Paulista (UNESP). Campus de Assis. Assis , SP, Brasil
Assunto(s):Pierre Bourdieu   Representação
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Cantadores Negros | Cantoria Nordestina | Pierre Bourdieu | Representação | Roger Chartier | Violencia Simbolica | Cultura Popular Brasileira

Resumo

Nesta pesquisa pretendemos colocar em discussão recolhas de textos poéticos da Cantoria nordestina realizadas por folcloristas que se encarregaram de estudar o folclore brasileiro entre o final do XIX e começo do XX, e que enxergaram na literatura uma via de acesso para a compreensão do "caráter nacional" brasileiro. A pesquisa deve ocorrer em duas etapas: na primeira, pretendemos colocar em discussão recolhas realizadas por Silvio Romero, membro da Escola do Recife, o qual, sob o signo da "mestiçagem" e da "aculturação", numa espécie de "elogio da dominação", recolheu fragmentos da poesia popular brasileira alinhado ideologicamente com as ideias evolucionistas e teorias raciais em voga no final do século XIX; nessa mesma linha, adentrando o século XX, focalizaremos as recolhas realizadas por folcloristas que deram continuidade aos estudos folclóricos, como Gustavo Barroso, Francisco Coutinho Filho, Rodrigues de Carvalho, Leonardo Mota e Luís da Câmara Cascudo, os quais, alinhados com a ideologia da mestiçagem e da harmonia e da mito da democracia racial. Na segunda etapa, daremos ênfase à análise das recolhas poéticas desses folcloristas com foco nas cantorias e pelejas protagonizadas por cantadores negros e mestiços, com vistas a lançar luz sobre as determinantes histórias e socioculturais que orientaram as relações sociais e étnico-raciais estabelecidas no contexto das lutas que se travaram no Nordeste após a Independência e às vésperas da Abolição. Pretendemos analisar tais cantorias como uma espécie de jogo de negociações e conflitos, travado entre cantadores cujas disputas verbais visam desclassificar um ao outro na luta por espaços e reconhecimento. De um lado, no exercício desse jogo, cantadores brancos e mestiços, munidos de um capital cultural - tradição e expertise na arte do improviso - e simbólico - status social e alegada superioridade étnica - tentam desmobilizar o adversário (negro) se utilizando de representações racistas que vão do insulto à depreciação física e moral, erguendo uma espécie de dique à ascensão social do negro e ao reconhecimento de suas habilidades poéticas. De outro, cantadores negros que resistem se utilizando das mesmas armas poéticas do adversário com a finalidade de reverter os efeitos nefastos do poder e do preconceito exercidos arbitrariamente na interlocução poética e, por extensão, no âmbito da sociedade nordestina.

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