Análise de miRNAs em vesículas extracelulares de placenta: um estudo do papel da metformina durante a gestação em camundongos obesas

Resumo

Estudos mostram que um desarranjo metabólico durante a gestação pode influenciar o crescimento fetal e aumentar o risco de desenvolvimento de doenças metabólicas na vida adulta. Estes conhecimentos deram origem à hipótese das origens desenvolvimentistas da saúde e da doença e propõe que a nutrição durante estágios críticos da vida, como a gestação e o início da vida afetam de forma permanente a estrutura e função dos órgãos. Isso leva a um aumento no risco de desenvolvimento de doenças não-comunicáveis, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, obesidade e doença do fígado gorduroso não alcoólico. Evidências da literatura mostram que tanto a desnutrição quanto a supernutrição materna durante a gestação podem programar eventos que incluem alteração permanente na função do tecido adiposo, porém os mecanismos moleculares envolvidos ainda não foram totalmente desvendados. Com o objetivo de entender os mecanismos de programação, o grupo coordenado pela Professor Susan Ozanne vem estudando os efeitos da obesidade durante a gestação e as repercussões sobre o metabolismo da prole na vida adulta. Somado a isso, este grupo vem avaliando a associação da obesidade e da diabetes melitus gestacional sobre a programação. Particularmente neste projeto, o foco é avaliar o efeito do controle da diabetes gestacional com a metformina. Utilizando modelo animal, o grupo esta avaliando o papel dos miRNAs no padra epigenético e a sua regulação do metabolismo da prole na vida adulta. A troca de informações entre células ocorrem em diferentes sistemas biológicos, sendo essencial para a manutenção da vida. Evidencias cada vez mais robusta vem mostrando a importância das vesículas extracelulares (VE) neste processo de troca de informação, sendo as VEs capazes de transferir biomoléculas e sinais. Muitos estudos mostram a capacidade das VEs em transferir mRNA entre células transferindo código genético e alterando fenótipos das células receptoras. Além de mRNAs, estudos também mostram a capacidade das VEs em transferir miRNAs agindo assim no controle do metabolismo de células receptoras em condições fisiológicas e patológicas. Há evidencias dos efeitos benéficos do tratamento com metformina durante a intolerância à glicose na gestação. O grupo da Professor Ozanne mostrou que uma dieta obesogênica durante a gestação promove aumento da massa gorda, intolerância à glicose, esteatose hepática e redução da capacitância da artéria uterina, alterações estas restabelecidas pelo tratamento com metformina. Porém, algumas outras alterações como redução no peso fetal e na eficiência placentária relacionada com calcificação não foram corrigidas pela metformina. É muito claro o papel da metformina em restabelecer o metabolismo materno, porém, como a metformina atravessa a placenta, as repercussões sobre a longo prazo sobre o metabolismo da prole é desconhecida. Até o momento já se sabe que a prole do sexo masculino exposto a metformina durante a gestação, apresenta na vida adulta jovem aumento na adiposidade. Assim o objetivo do presente projeto é avaliar o perfil de miRNAs nas VEs da placenta de ratas controle, obesas e obesas tratadas com metformina. (AU)