O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e o patrimônio indígena: silêncio, arquitetura e abordagens internacionais

Resumo

Esta pesquisa pretende estudar como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) atuou sobre a noção de patrimônio indígena - especialmente a arquitetura - entre 1937 e 1988. Desde sua fundação, o IPHAN liderou a construção histórica de um autêntico passado brasileiro. Fica evidente, porém, o particular ofuscamento que o instituto engendrou sobre a memória dos povos originários: embora reconhecido como fundadora, teve um espaço inferior ao legado colonial europeu. Esse silêncio pode ser demonstrado pela ausência de iniciativas de tombamento dos bens indígenas no período, por poucos pareceres sensíveis sobre o tema, além do raro financiamento de excursões e dos raros de artigos sobre o tema na revista oficial do órgão. A hipótese é que esse ofuscamento não é acidental: houve uma inadequação do instituto em relação ao tema, que não cabia em uma narrativa unificante e representativa de um país moderno. Esse desconforto gerou intensos debates com outras instituições no período, especialmente o Museu Nacional, o que faz da história do patrimônio indígena no IPHAN objeto de embates intelectuais que permearam diferentes instâncias culturais brasileiras. Por meio de documentos, imagens, desenhos e textos, pretende-se analisar a atuação do IPHAN nas primeiras cinco décadas de sua existência, no período que antecedeu as novas políticas de proteção discutidas na Constituição brasileira de 1988. O estágio na Universidade de Harvard, orientado pelo professor Bruno Carvalho, proporcionará um produtivo ambiente para discussões aprofundadas desses assuntos, principalmente pelo contato com a perspectiva internacional dos fatos e a possibilidade de conhecer o caso estadunidense em relação ao patrimônio indígena. Esta oportunidade possibilitará a ampliação e o refinamento dos conhecimentos para uma análise multidisciplinar na tese de doutorado. (AU)