Insegurança alimentar em assentamentos rurais: o caso do PDS Mário Lago (SP)

Resumo

A insegurança alimentar (IA) se intensificou nos últimos anos no Brasil, em função, dentre outros fatores, do desmonte de políticas públicas para a agricultura familiar, aumento do desemprego e dos impactos da pandemia de Covid-19. Em que pese ser um fenômeno geral, a zona rural concentra os mais elevados índices de pobreza e de insegurança alimentar do país, chegando a atingir 35% de todos os domicílios rurais no início de 2022. Neste contexto, este projeto tem como foco investigar a IA presente no assentamento rural Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Mário Lago, localizado no município de Ribeirão Preto (SP). A hipótese aventada é que, diferente da realidade nacional, o trabalho coletivo, cooperativo, a produção agroecológica e o autoconsumo que caracterizam o assentamento investigado contribuem para redução da insegurança alimentar e nutricional das famílias camponesas assentadas. Metodologicamente, a investigação está estruturada, para além de revisão bibliográfica, em pesquisa de campo com entrevistas semiestruturadas, observação participante e análise de dados secundários. Ademais, por meio de uma adaptação à realidade local do questionário que mensura a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), buscaremos uma análise comparativa com outras realidades, notadamente as descritas nos inquéritos de Vigilância de Segurança Alimentar e Nutricional (VIGISAN) da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). O intuito é lançar luz sobre as estratégias exitosas de produção agrícola e reprodução social camponesa na garantia de segurança alimentar e nutricional.