Evidências forenses na decomposição de carcaças animais: uso da entomologia e isótopos estáveis

Resumo

O uso de insetos como evidência forense é uma ferramenta comum em investigações criminais. Dentre outras aplicações, usam-se os padrões de sucessão destes organismos para inferir sobre o tempo de decomposição de restos mortais. O uso dos isótopos estáveis nas ciências forenses tem se intensificando recentemente. Em ecologia, o ´13C é uma ferramenta para traçar fontes alimentares e calcular a proporção de dietas e o ´15N é um indicador do nível trófico de organismos. Assim, o uso de insetos necrófagos poderia revelar, por meio de suas assinaturas isotópicas, seu desenvolvimento em tecidos humanos ou animais. Uma maneira promissora na atribuição das amostras entomológicas de uma cena de crime a uma determinada fonte de alimento e, eventualmente, um possível intervalo post-mortem. Poucos trabalhos, nas ciências forenses, associam entomologia e isótopos. O objetivo principal da pesquisa é estudar a decomposição de carcaças e a sucessão de insetos necrófagos na tentativa de associar a variação isotópica ao período post-mortem. Serão realizados experimentos em campo, onde substratos animais (porcos natimortos inteiros) serão dispostos para a decomposição. Também serão realizados experimentos em laboratório, onde algumas espécies de insetos necrófagos e órgãos animais serão selecionadas para oviposição em ambiente controlado. A cada coleta, serão amostrados os insetos associados às carcaças e os substratos. Também serão mensurados parâmetros ambientais (temperatura e umidade). Os insetos e substratos serão submetidos a análises isotópicas. Por fim, resultados futuros deste estudo devem contribuir com novas informações ou solidificação de conceitos sobre variação isotópica ao longo da decomposição de carcaças e de um período post-mortem, turnover e fracionamento isotópico em insetos terrestres, entre outros possíveis achados.