Uma Nova Plataforma para Gestão dos Riscos de Comercialização: Maximizando os Ganhos no Setor Pecuário

Resumo

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a demanda mundial por carne bovina nos próximos 20 anos aumentará em torno de 30%. A expectativa é que países como Brasil e Índia sejam protagonistas na oferta de carne em níveis mundiais. Para isso é preciso identificar os principais riscos e minimizá-los, visando o equilíbrio financeiro dos produtores. Fatores climáticos e de mercado podem afetar sobremaneira o seu faturamento levando a problemas de desequilíbrio financeiro e inadimplência junto às Instituições Financeiras. Realizar um manejo adequado e contar com boas condições climáticas são fatores necessários, mas não suficientes para o sucesso da atividade. Pecuaristas e agricultores dependem fundamentalmente de bons preços nas vendas dos animais e de seus produtos colhidos. Em geral, os produtores possuem pouca ou nenhuma informação no momento da venda do seu produto. Com exceção dos grandes produtores que possuem assessoria especializada, os médios e pequenos produtores ficam sujeitos às flutuações do mercado. Ao mesmo tempo, não conseguem armazenar à espera de melhores preços por falta de uma estrutura de silos e armazéns, que possuem um alto custo de instalação e manutenção. Na Fase 1 do PIPE, desenvolvemos a metodologia e identificamos as principais variáveis para antecipar tendência de alta e baixa dos preços dos animais no Estado de São Paulo. Uma vez superada esta etapa, nosso objetivo é expandir nossa área de atuação para outras regiões produtoras do país e para outros países. Ademais, vamos ampliar nosso escopo de estudo no sentido de incorporar a formação de preços da soja e milho, principais insumos da pecuária, e verificar como esses fatores influenciam nas flutuações dos preços dos animais. O setor de soja e de milho possuem estruturas próprias e dinâmicas especificas de funcionamento. Nesse sentido, justifica-se inclui-los como objetivos a serem estudados no projeto. Como importância, ressalta-se que o Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, com uma produção de 114,843 milhões de toneladas em uma área plantada de 35,822 milhões de hectares e um valor bruto da produção de R$ 128 bilhões. Com relação ao milho, o país é o terceiro maior produtor mundial, com 82 milhões de toneladas, 16 milhões de hectares aproximadamente e um valor bruto da produção de R$ 37,6 bilhões. Ou seja, trata-se de dois insumos estratégicos e de extrema importância para a pecuária. Pesquisas realizadas pelo mercado e confirmadas pela AGROMOVE, indicam que mais de 70% dos agentes da cadeia têm dificuldades em encontrar o melhor momento de negociação dos animais. O ciclo produtivo médio em pastagens no Brasil é de 2 anos e a volatilidade da commodity demonstrou oscilações negativas de até 14%, segundo pesquisas da AGROMOVE. Portanto, a pecuária de corte intensiva é uma atividade de margens apertadas, onde o risco de uma oscilação do mercado pode acabar com a lucratividade do produtor. Com este propósito, as pesquisas previstas no presente projeto visam identificar as informações mais relevantes e desenvolver para cada localidade selecionada um algoritmo para a tomada de decisão. A metodologia visa criar algoritmos que utilizam tais informações para indicar de forma simples a probabilidade de queda dos preços dos animais. Uma vez construídos os algoritmos, a pesquisa criará um modelo automático de coleta de informações e um indicador de direção dos preços que poderá ser utilizado juntamente com as outras ferramentas de gestão disponíveis para os produtores, como: mercados futuros, opções e seguros agrícolas. Uma vez construídos os algoritmos, pretende-se utilizar a metodologia de forma transversal nas cadeias de soja, milho, trigo e algodão. Cada uma delas possui suas peculiaridades e problemas na comercialização e na gestão dos seus riscos, e que serão levadas em conta no momento de adaptar a plataforma a essas cadeias.