Patologia comparada e levantamento de doenças em Marsupiais: uma proposta de vigilância na infraclasse Metatheria

Resumo

Na era antropocênica há um expressivo aumento de enfermidades acometendo os animais selvagens. Tal situação contribui para a atual sexta onda de extinção das espécies e coloca estes animais em um papel central de sentinelas, reservatórios e disseminadores de doenças. A realização de exames necroscópicos e histológicos é recomendada como forma ampla de detecção e controle de enfermidades infecciosas e não infecciosas. Os Marsupiais, infraclasse Metatheria, estão distribuídos pela Oceania e Américas, prestam importante papel ecológico para manutenção do habitat, e contém espécies sinantrópicas emblemáticas, como os gambás, que agem como reservatórios de doenças de impacto nas saúdes animal e humana, como a Febre Maculosa e Sarcocistoses. O projeto "Vigilância epidemiológica e laboratorial de fauna silvestre: potencial de emergência e reemergência de doenças infecciosas", sediado no Estado de São Paulo e realizado pelo Instituto Adolfo Lutz, é pioneiro no País e tem como objetivo realizar uma vigilância de patógenos em mamíferos e aves silvestres no estado a partir da realização de testes histopatológicos, imuno-histoquímicos e de RT-PCR/PCR. As amostras empregadas no citado programa são provenientes de centros destinados à triagem e reabilitação da fauna silvestre e serviços de vigilância em saúde animal de municípios do Estado de São Paulo. Considerando a expressiva escassez de informações disponíveis sobre a sanidade nos Marsupiais, principalmente neotropicais, este estudo pretende compor um levantamento e caracterização morfo-etiológica das principais lesões e enfermidades que acometem os Marsupiais, tanto em vida livre como aqueles mantidos sob cuidados humanos. Com execução de exames complementares em casos selecionados e ênfase na detecção de agentes infectocontagiosos, por meio da parceria entre o Instituo Adolfo Lutz e o LAPCOM-USP. (AU)