Políticas públicas promotoras de sistemas alimentares sustentáveis: redefinindo relações de poder

Resumo

Estudos sobre relações de poder dentro de sistemas agroalimentares tem ganhado impulso nos últimos anos devido à crescente centralidade de grandes corporações transnacionais nas estruturas de governança. A concentração corporativa em sistemas alimentares acaba por induzir estruturas de mercado nas quais grandes corporações conseguem impor seus interesses em detrimento dos interesses de outros atores sociais. Por outro lado, pressões originadas na sociedade civil organizada têm crescentemente influenciado gestores públicos a conceberem e implementarem políticas agroalimentares de maior complexidade, que incorporem novas agendas (p.ex. ambiental, agricultura familiar, desenvolvimento territorial, alimentação saudável, erradicação da fome), superando a abordagem da economia política tradicional. Nesse sentido, grupos de pesquisa ao redor do mundo têm se esforçado para estabelecer novos arcabouços teóricos-analíticos habilitados a analisar questões relacionadas ao poder para explicar a complexidade dos processos de mudança em sistemas agroalimentares. Entre esses grupos, destacam-se os pesquisadores da Università di Pisa, considerada referência internacional em reflexões teóricas e análises empíricas sobre processos de redefinição de poder em sistemas agroalimentares e de como mudanças nas dinâmicas de poder podem contribuir para a transição rumo a sistemas alimentares mais sustentáveis. O proponente deste projeto espera realizar um estágio acadêmico de cinco meses com o grupo de pesquisadores que compõem o Pisa Agricultural Economics Group (PAGE) da Università di Pisa, para explorar o arcabouço teórico-analítico sobre redefinição de relações de poder em sistema alimentares, visando utilizá-lo para analisar e subsidiar a concepção e implementação de políticas agroalimentares brasileiras. Como resultado, o pesquisador proponente espera apropriar-se do estado da arte de teorias, conceitos e referenciais analíticos capazes de analisar processos de redefinição de relações de poder em sistema alimentares, com vistas identificar os limites e potencialidades de uma agenda nacional habilitada ao fomento de sistemas agroalimentares socioambientalmente mais sustentáveis calcados em relações de poder mais equilibradas. (AU)