Impactos da exposição crônica intermitente ao vapor de etanol e ao estresse sobre neurônios espinhosos médios D1 estriatais: modulação por receptores canabinoides CB1

Resumo

O consumo repetido de etanol e o estresse são fatores de risco associados ao desenvolvimento de transtornos por uso de etanol, que representam um relevante problema de saúde pública que afeta milhões de indivíduos em todo o mundo. Os neurônios espinhosos médios D1 (MSNs D1) do estriado dorsal são uma subpopulação neuronal que tem sido implicada em respostas a drogas e ao estresse. A exposição ao etanol ou ao estresse parece alterar os níveis de expressão dos receptores canabinoides CB1, que participam da modulação da atividade dos MSNs D1 estriatais. A exposição crônica intermitente ao vapor de etanol tem sido utilizada como um modelo animal preditivo para indução de alterações comportamentais relacionadas a dependência e neuroadaptações de longo prazo em subpopulações neuronais implicadas em processos de recompensa e dependência, incluindo os MSNs D1 estriatais. Aqui, propomos avaliar os efeitos da exposição crônica intermitente ao vapor de etanol sobre o translatoma de MSNs D1 do estriado dorsal (Experimento 1) e os impactos da exposição crônica intermitente ao vapor de etanol ou ao estresse sobre o consumo de etanol, a ativação de MSNs D1 e a expressão de receptores CB1 em MSNs D1 do estriado dorsal (Experimento 2). Para isso, no Experimento 1, camundongos adultos machos e fêmeas da linhagem Drd1-Cre; H2B-TRAP foram submetidos a 6 ciclos de exposição ao vapor de etanol ou ao ar, intercalados com acesso ao consumo voluntário de etanol (paradigma de livre-escolha entre duas garrafas). A seguir, os encéfalos foram coletados e a região do estriado dorsal foi dissecada. A candidata trabalhará com as amostras já coletadas que serão processadas para purificação por afinidade em ribossomo ativo (do inglês, translating ribosomal affinity purification - TRAP) de ribossomos de MSNs D1, para isolamento e sequenciamento de RNA. No Experimento 2, camundongos adultos machos e fêmeas Drd1-Cre; H2B-TRAP serão submetidos a um protocolo de 3 ciclos de exposição ao vapor de etanol ou ao ar, intercalados com acesso ao consumo voluntário de etanol. Durante os 2 últimos ciclos do protocolo, os camundongos serão submetidos ou não ao estresse de exposição ao odor de predador, imediatamente antes de cada sessão de consumo de etanol. Em seguida, os encéfalos serão coletados e as fatias do estriado dorsal serão processadas para a técnica de RNAscope, para marcação de c-fos (marcador de ativação neuronal) e CNR1 (que codifica para receptores CB1). (AU)