A imanência do leitor na Ciência da lógica.

Resumo

A emergência do conceito ao fim da Doutrina da essência implica o reconhecimento, por parte do leitor da Ciência da lógica, da participação de sua própria reflexão no desdobramento imanente do saber absoluto. Desta descoberta decorre a transformação do modo de apresentação do pensamento puro, a qual exige, por sua vez, a releitura das duas primeiras doutrinas da Lógica. A segunda incursão à Ciência, justamente porque acrescida daquele reconhecimento, viabiliza o alargamento da compreensão da viragem especulativa do andamento lógico, ponto sabidamente problemático localizado entre as dialéticas dos pares categoriais. Segundo um recorte definido, a pesquisa de doutorado pretende reconstruir este segundo percurso, evidenciando a maneira com que a reflexão do leitor consuma a explicitação do especulativo. Ademais, a perspectiva construída sobre a Lógica a partir do argumento da imanência da reflexão de seu leitor põe em evidência a unilateralidade de duas linhas interpretativas, aparentemente opostas, desta obra de Hegel. A defesa da autoconsciência lógica, formulada nas obras de Pippin e Rödl, e a compreensão objetivista da Ciência, representada por Ng e Houlgate, revelam-se, segundo a mediação da interpretação desta pesquisa, análises complementares. Afora o tratamento específico dessas duas tendências da literatura secundária, a interpretação da Ciência da lógica elaborada pelo doutorado, ao tornar a leitura da obra tema da imanência, deve oferecer um critério pelo qual o comentário sobre a Lógica em geral pode ser criticado e desenvolvido.