Busca avançada
Ano de início
Entree

A rota ingovernável de pessoas indesejadas: um experimento crítico sobre migração

Processo: 22/05525-3
Modalidade de apoio:Bolsas no Exterior - Estágio de Pesquisa - Pós-Doutorado
Vigência (Início): 31 de agosto de 2022
Vigência (Término): 30 de agosto de 2023
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Ciência Política - Teoria Política
Pesquisador responsável:Andrei Koerner
Beneficiário:Raissa Wihby Ventura
Supervisor: Ina Kerner
Instituição Sede: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil
Local de pesquisa: University of Koblenz-Landau, Alemanha  
Vinculado à bolsa:19/18523-6 - Isso é injusto! A imigração indesejada e suas demandas conflitantes, BP.PD
Assunto(s):Direitos humanos   Ética (filosofia)   Crítica   Fronteiras   Migração
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:critica | Direitos Humanos | ética da migração | fronteiras | Injustiça | Normatividade | Teoria Política Contemporânea

Resumo

Compartilhando o mesmo espaço conceitual dos projetos teóricos de I. Kerner, D. F. da Silva e S. Hartman, proponho um "experimento crítico" sobre a vida de imigrantes indesejadas. Com Hartman e seu modo de fabular criticamente, pretendo contra-narrrar a vida "voluntariosa" de Moïse Kabagambe. O exercício é baseado em um imperativo metodológico anterior: devemos des-pensar o mundo, liberando a nossa reflexão das formas abstratas da moderna representação e das arquiteturas jurídicas e econômicas violentas sustentadas por elas (Silva). Através da afetabilidade de Kabagambe, pretendo abordar duas questões ético-políticas fundamentais. A primeira delas é sobre se podemos decidir com quem coabitaremos a terra - ou uma determinada comunidade política democrática. A segunda é sobre como se tornou possível banalizar - na era de direitos - o fato de que vidas identificadas como indesejáveis (como sem-direitos) são sujeitas à violência perpetrada em nome da salvaguarda do princípio da soberania territorial? Em outros termos, pretendo formular - com teóricas políticas feministas - uma maneira de "escutar atentamente"; uma maneira de encontrar "[um] tomo de filosofia num gemido" (Hartman, 2019: 345). Em um sentido negativo, a busca é por uma maneira de evitar "os pressupostos coloniais e raciais inerentes aos conceitos e formulações contidos nas estratégias existentes de uma teoria" crítica (Silva, 2018; Kerner, 2022). É uma busca por modos de navegar pelas perplexidades dos direitos humanos na era dos direitos (Gündo-du, 2015).Tais deslocamentos nos levam a enfrentar outros projetos de crítica radical. O primeiro nasce do encontro entre Hannah Arendt e a Escola de Frankfurt nas obras de S. Benhabib; o segundo foi apresentado por B. Harcourt em seu livro Crítica e Praxis [2020]. Benhabib, sabemos, integra as tarefas da crítica, da normatividade e da utopia sem desconsiderar "a reivindicação da verdade, da veracidade e da razão na luta por uma 'sociedade livre e capaz de se autodeterminar" (Horkheimer)" (Benhabib 2021:860). De acordo com tal posição, a teorização crítica deve ser sempre limitada pelo "objetivo de compreender o presente como uma totalidade social contraditória com potencial social transformador" (Benhabib, 2021:862). Para Harcourt, devemos devolver a filosofia crítica a sua verdadeira ambição, qual seja, transformar o mundo, não apenas interpretá-lo. O trem teria saído dos trilhos e é chegada a hora de (re)imaginar a filosofia crítica e a práxis crítica para este século. A fuga segura trazida pelos debates sobre conhecimento, epistemologia e interpretação - sobre "diagnósticos da crise" - não estão, ou deveriam estar, disponíveis. Uma maneira de avançar, defende o autor, seria pelos trilhos de um projeto crítico autorreflexivo. Trata-se de um imperativo para a ação: O que mais devo fazer?Do 'encontro' (Ahmed) com Benhabib, circunscrevo um modo de enfrentar a oposição entre "imaginação", "fabulação", de um lado, e "verdade, veracidade", de outro. O cerne do problema remonta a relação entre o passado-presente-futuro e os limites da "temporalidade linear, rendida à separabilidade" (Silva, 2022:94). Como podemos enfrentar a vida daqueles que não estão mais aqui, mas que continuam a fazer parte da "dívida impagável" que temos em relação ao passado? É precisamente o caso de Kabagambe. A faculdade de ouvir, pretendo argumentar, - o arquivo, a marginalidade, os silêncios, os ruídos e as vozes - é parte integrante da busca pelos termos da relação entre a crítica, a práxis e a imaginação. Quando reconhecemos o valor epistêmico e crítico da escuta atenta, a questão deixa de ser "O que mais posso fazer?" (autorreflexiva), como quer Harcourt. Ao invés disso, a pergunta guia passa a ser: O que devemos fazer quando ouvimos o grito "isto é injusto"? Justificar tal mudança e defender a faculdade da escuta como parte do caminho entre as tarefas da crítica e da práxis são os elementos constitutivos desta proposta. (AU)

Matéria(s) publicada(s) na Agência FAPESP sobre a bolsa:
Matéria(s) publicada(s) em Outras Mídias (0 total):
Mais itensMenos itens
VEICULO: TITULO (DATA)
VEICULO: TITULO (DATA)