Paleobiologia da conservação: Holothuroidea (Echinodermata) como indicadores de mudanças climáticas ao longo do Holoceno na Bacia de Campos, Atlântico Sul

Resumo

Estudos relacionados às mudanças climáticas têm recebido grande atenção devido especialmente ao aquecimento global provocado pelo aumento nas concentrações de CO2 resultantes principalmente, de atividade humana. Entretanto, os impactos antropogênicos nos sistemas ecológicos são antecedentes às observações científicas mais antigas, e a compreensão de alterações naturais ou antrópicas modernas exige fontes de dados adicionais que se estendam a um passado mais remoto. Os registros paleoecológicos fornecem registros quantitativos dos ecossistemas antes do impacto humano e são essenciais para entender as extinções recentes e os riscos futuros de extinção. A paleobiologia da conservação produz registros quantitativos em escalas temporais que estão além do alcance da ecologia. Os testemunhos, por exemplo, possuem a maior extensão temporal, muito além da história humana. Neste sentido, estes tipos de dados são extremamente importantes para adquirir perspectivas em longo prazo sobre a dinâmica de espécies, comunidades e ecossistemas. Os Holothuroidea são componentes comuns da fauna marinha de invertebrados desde o Paleozoico até os dias atuais. O conhecimento sobre assembleias de holoturóides é um importante aliado à pesquisa paleoceanográfica e paleoclimática, contribuindo para o estudo de parâmetros, como taxas de sedimentação, variações do nível relativo dos oceanos e mudanças hidrológicas (e.g circulação, temperatura, produtividade e salinidade). Abordagens envolvendo a composição de espécies deste grupo, assim como sua resposta às mudanças climáticas do Holoceno serão estudadas com base em testemunhos obtidos na Bacia de Campos. Assim, este projeto se propõe a (I) descrever a composição taxonômica, densidade e riqueza dos Holothuroidea na Bacia de Campos e comparar com os registros atuais; (II) reconstruir a faixa histórica da variabilidade destas espécies ao longo do Holoceno e (III) descrever a resposta da biota, especialmente em relação à sua composição taxonômica e riqueza frente as perturbações relacionadas à variação de temperatura, carbonato, salinidade e análise de isótopos estáveis (oxigênio e carbono). Este projeto pretende realizar um estudo paleoecológico, inédito no Brasil tendo como modelos os Holothuroidea. A compilação destes resultados crucial para subsidiar a tomada de decisões conservacionistas. (AU)