O nascimento de uma nação: poder, imaginário e imagens indigenistas

Resumo

Em um contexto de crescente presença dos povos indígenas na esfera pública nacional, as questões sobre a recepção de seus enunciados tornam-se centrais. Ela, no entanto, é largamente definida pelas representações que o mundo não-indígena faz sobre o valor de verdade, os autores e o mundo de onde tais enunciados provêm. Diante desse panorama, O nascimento de uma nação: poder, imaginário e imagens indigenistas pretende refletir sobre os conceitos que operam em tais representações e sua força formativa para certo imaginário nacional. Utilizando instrumental conceitual elaborado por Gilles Deleuze em sua filosofia da diferença, tomaremos as fotografias e os filmes produzidos durante o primeiro contato com os povos Panará (1973), Enawenê-Nawê (1974) e Uru-Eu-Wau-Wau (1980) como intercessores não-filosóficos que servem como abertura de campo para pensar as máquinas conceituais que operam nessas representações. Nossa hipótese é que, no interior de um contrato social definido pelo colonialismo interno, é possível abordar os documentos visuais de primeiro contato como capazes de iluminar um campo conceitual relevante para pensar as relações entre os mundos indígena e não-indígena - em que se destacam uma ideia de nacionalidade e as relações de poder que a fundam - e, por conseguinte, as potências estético-políticas das imagens, buscando contribuir para um futuro pensamento do contato. (AU)