A contribuição de uma árvore naturalizada na dieta das aves e dispersão das sementes nos fragmentos das florestas secundárias

Resumo

O movimento e a atividade humana resultaram na introdução de milhares de espécies de plantas em todo o mundo. Algumas dessas plantas introduzidas se naturalizaram, o que significa que podem estabelecer novas populações autossustentáveis sem assistência e se incorporaram à flora nativa. Psidium guajava (Myrtaceae) foi introduzida no Brasil a partir do México por povos pré-colombianos e agora é considerada naturalizada. Embora seja uma importante fonte de alimento para a fauna nativa brasileira, P. guajava pode representar uma ameaça à diversidade de plantas, pois as espécies introduzidas têm o potencial de se tornarem invasoras. Espécies introduzidas como P. guajava são especialmente prevalentes em florestas secundárias que passaram por regeneração natural, e que têm se tornado cada vez mais comuns à medida que áreas abandonadas após o uso humano se recuperam. A presença de espécies introduzidas combinadas com mudanças mediadas pelo seres humanos, como o uso da terra circundante, criam o potencial para novas interações planta-animal e novas comunidades dentro dessas florestas secundárias. Devido à novidade desse tipo de ecossistema, as interações planta-animal envolvendo espécies introduzidas atualmente formam uma grande lacuna de conhecimento. A natureza fragmentada dessas florestas secundárias torna a compreensão do papel que P. guajava desempenha especialmente importante para a dispersão de sementes, já que essa espécie serve como recurso alimentar para as aves que podem dispersar suas sementes a longas distâncias. Nosso projeto irá capturar uma imagem abrangente do papel de P. guajava, analisando a dispersão de sementes da perspectiva da planta e da ave. No estudo proposto, iremos avaliar quantitativamente a eficácia da dispersão de sementes de P. guajava, bem como a eficácia de diferentes espécies de aves como dispersores de sementes (perspectiva da planta) e a importância do P. guajava na dieta das aves (perspectiva das aves). Planejamos trabalhar em parcelas estabelecidas pela equipe de Pedro Brancallion na bacia do rio Corumbataí, que variam em idade de floresta, abundância de P. guajava e diversidade total de espécies de plantas lenhosas zoocóricas. Usaremos uma combinação de observações focais das aves se alimentando de P. guajava, levantamentos de fenologia e redes de neblina para coletar as fezes das aves contendo sementes, a fim de responder a essas perguntas. Embora a base do nosso projeto seja construída sobre métodos estabelecidos, também desenvolveremos um novo protocolo para extrair DNA das fezes de aves para detectar quando a goiaba está presente na dieta das aves. A partir desses dados, determinaremos quais características da floresta e das aves resultam na dispersão de sementes de P. guajava mais quantitativamente eficaz e obteremos um melhor entendimento do papel que esta árvore tropical naturalizada desempenha nas florestas secundárias. (AU)