A Árvore da Vida do Padre Affonso da Costa: farmácia, medicina e ciência na atuação dos jesuítas em Goa (século XVIII)

Resumo

No século XVIII, os altos índices de doenças e as elevadas taxas de mortalidade que assolavam a província de Goa exigiram a presença de indivíduos com domínio das artes curativas para atuarem no tratamento dos enfermos. Nesse momento, a já decadente capital do Estado da Índia sofria com a falta de profissionais habilitados no exercício desses ofícios, as restrições sofridas pelos médicos nativos e o número reduzido de médicos formados nas universidades europeias contribuindo para esse quadro. Tal conjuntura possibilitou, assim, um aumento da participação dos religiosos da Companhia de Jesus em meio às boticas e hospitais, espaço que eles já ocupavam há algum tempo, conferindo novo sentido à missão jesuíta, que agora não mais deveria se dedicar apenas à catequização, mas à formulação de remédios e tratamento dos males que acometiam os doentes. Com a finalidade de analisar e refletir como se deu a inserção dos missionários jesuítas na esfera dos cuidados com os corpos, lançaremos mão do receituário Árvore da Vida [...], escrito e finalizado em meados de 1720 pelo jesuíta Affonso da Costa, na província de Goa, como uma chave possível de compreensão do papel tão significativo exercido por esses homens de fé no campo das ciências médicas e farmacêuticas no Oriente.(AU)