Cidade de carros: uma etnografia sobre as fronteiras entre o legal e o ilegal a partir da desmontagem de veículos em São Paulo

Resumo

São Paulo é a maior cidade brasileira, e também a que dispõe da maior frota de automóveis particulares. Não à toa, é também a cidade onde mais se rouba e furta carros no Brasil. Os ilegalismos e os mercados ilegais são temas bastante tratados nos estudos sobre as cidades, mas é menos comum que seus efeitos sobre as desigualdades e sobre a "violência urbana" sejam descritos e analisados a partir de uma perspectiva propriamente empírica. Essa pesquisa tem como objetivo analisar os mecanismos de produção de fronteiras urbanas entre o legal e o ilegal, em São Paulo, a partir do mercado de desmontagem de veículos roubados. Essas fronteiras teriam como efeito a regulação simultânea de mercados e de territórios, inscrita em processos históricos de reprodução de desigualdades e violência. A etnografia parte da Avenida Rio das Pedras, zona Leste de São Paulo. O local é uma "centralidade" desse tipo de estabelecimento na cidade - região de atividade comercial bastante intensa e diversificada, mas que é alvo frequente de operações policiais visando "estourar" desmanches clandestinos, que operariam a partir da receptação e do desmonte de carros roubados ou furtados. A pesquisa aqui proposta será feita a partir de etnografia, mediante observação participante e de realização de entrevistas semi-estruturadas. (AU)