Estudos de modelagem molecular sobre as propriedades químicas relacionadas com a atividade biológica do interferente endócrino clorexidina

Resumo

Atualmente, o Brasil está entre os maiores usuários de pesticidas do mundo, chegando a cerca de 500 mil toneladas de agrotóxicos por ano. Consequentemente, isso acaba gerando impacto na saúde da população brasileira e no meio ambiente. Grande parte dos pesticidas acaba agindo, principalmente, como interferentes endócrinos, isto é, essas substâncias são capazes de agir como mimetizantes ou inibidores de hormônios. Assim, um interferente endócrino pode se ligar à um receptor hormonal específico, em geral o de estradiol, gerando uma resposta que difere da ação hormonal normal, no caso de substâncias mimetizantes, ou nenhuma resposta no caso da inibição. Essas substâncias podem gerar problemas graves de regulação hormonal e até mesmo problemas como distrofias sexuais e doenças ligadas ao sistema endócrino. Sendo assim, neste projeto foi selecionada uma substância considerada como interferente endócrino (clorexidina) para estudos de modelagem molecular de forma a investigar quais propriedades moleculares podem estar relacionadas com sua atividade biológica e toxicológica. Para isso, técnicas de modelagem molecular que calculam propriedades físico-químicas (por exemplo, energia dos orbitais de fronteira, coeficiente de partição, volume molecular, etc.), farmacocinéticas e de toxicidade serão empregadas com o intuito de relacioná-las com a atividade biológica apresentada pela clorexidina e seus derivados (metabólitos). Além disso, pretende-se realizar estudos de acoplamento molecular da clorexidina e seus possíveis metabólitos e potenciais alvos biológicos encontrados na literatura (receptores endócrinos) de forma a entender as principais interações que ocorrem e propor possíveis mecanismos de ação destas substâncias.