Efeito do tratamento com epidrugs: repercussão sobre o training das células do sistema imune inato de pacientes HIV+

Resumo

As alterações epigenéticas correspondem a mudanças no padrão de expressão gênica, embora não promovam alterações diretas à sequência de nucleotídeos do DNA. Vários trabalhos tem demonstrado o seu papel na regulação dos processos celulares, incluindo a modulação do perfil de ativação e polarização de células do sistema imune, como células T, monócitos, células dendríticas e macrófagos. O treinamento e a exaustão de células do sistema imune inato ("memória" de células inatas) também estão relacionados a alterações epigenéticas. As alterações epigenéticas são necessárias para o controle fisiológico da diferenciação celular ou mudanças fenotípicas, porém vem sendo cada vez mais associadas ao desenvolvimento de diversos processos patológicos como doenças autoimunes e cânceres. O estudo sobre como os mecanismos epigenéticos modulam a expressão gênica, a compreensão de como essas alterações participam dos processos patogênicos, bem como o potencial de reversão de algumas mudanças epigenéticas, permitem a pesquisa de como os fármacos com ação reguladora sobre as modificações epigenéticas poderiam ser empregados em tratamentos de doenças infecciosas. Sabe-se que células do sistema imune de pacientes infectados pelo HIV apresentam perfil de exaustão e senescência que podem interferir com o training da resposta imune inata. O training inato ocorre quando há mudanças metabólicas e reprogramação epigenética nas células imunes inatas induzidas por um estímulo microbiano resultando na capacidade do sistema imune inato em responder de forma mais rápida e eficiente a um segundo estímulo. Assim, o objetivo do projeto será avaliar os parâmetros de training em monócitos e células NK, comparando células de pacientes infectados pelo HIV com células de indivíduos controle. Pretendemos entender como o tratamento com epidrugs modula o training nestes pacientes e avaliar quais mudanças epigenéticas estão presentes nas células de pacientes infectados com HIV que possam interferir no treinamento destas células. (AU)