Cuzco (Peru) e Cartagena de Índias (Colômbia): Centralidades, práticas espaciais e fragmentação socioespacial

Resumo

A diferenciação socioespacial em cidades sul americanas vêm se aprofundando, em virtude da preponderância de lógicas neoliberais. Isto aponta para processos de fragmentação socioespacial, conforme podemos constatar em distintas cidades, nas últimas décadas. Com esse projeto, vinculado ao projeto temático "Fragmentação socioespacial e urbanização brasileira: escalas, vetores, ritmos, formas e conteúdo" (11/2018 - 10/2023), visamos compreender, no plano da produção do espaço urbano, o conteúdo da diferenciação socioespacial, a partir das práticas espaciais dos que habitam cidades que cada vez mais são redefinidas pelo ramo do turismo e pelas superfícies comerciais e imobiliárias, como os shopping centers, com vista a evidenciar possíveis processos de fragmentação socioespacial. Para compor nossa dimensão empírica, elegemos duas cidades sul americanas, quais sejam, Cuzco, no Peru, e Cartagena de Índias, na Colômbia. Nosso plano analítico engloba a centralidade, as práticas espaciais e a fragmentação socioespacial. O objetivo geral será estudar os centros principais e os shopping centers das cidades em tela, em articulação com as práticas espaciais dos citadinos, com vista a verificar a ocorrência (ou não) de processos de fragmentação socioespacial. Por sua vez, os objetivos específicos serão: I: compreender a passagem da lógica centro/periferia para uma (possível) lógica socioespacial fragmentária, em íntima relação com a reestruturação do centro antigo pelo turismo e a formação de novas centralidades pelos shopping centers. II: analisar o uso e apropriação dos centros principais e dos shopping centers, partindo das evidências de que há "disjunção" entre o centro para o turista e o centro para citadinos residentes e III: estudar as práticas espaciais dos citadinos no uso e apropriação das centralidades e dos espaços comerciais "mais tradicionais" e menos centrais, para identificar processos de fragmentação socioespacial. Para isso, lançaremos mão de procedimentos majoritariamente qualitativos, isto é, as fontes primárias da pesquisa serão produzidas ao dar voz aos sujeitos sociais, para que expressem mudanças ocorridas nas formas de uso e apropriação do espaço urbano.