Relacionando estratégias cognitivo-visuais e funções executivas: exemplos com eye-tracking em tarefas de raciocínio indutivo e leitura

Resumo

Usamos estratégias cognitivas quando tentamos buscar algum tipo de solução para uma tarefa. Em testes cognitivos, essas estratégias muitas vezes podem ser aferidas de acordo com os movimentos e comportamentos que uma pessoa emite ao decorrer da tarefa. Porém, há tarefas em que a pessoa não faz nenhum comportamento que possa ser diretamente observado pelo pesquisador. Dessa forma, equipamentos de registro de movimentos oculares são uma ótima ferramenta para conseguir inferir a estratégia. Em tarefas que o participante não apresenta comportamentos até a resposta (e.g., teste de inteligência de matriz), os movimentos oculares indicam onde a pessoa olhou, e qual foi a sequência de movimentos oculares dela. Com base nesses movimentos é possível inferir diferentes estratégias em diferentes tipos de tarefas. Essas estratégias cognitivo-visuais parecem estar diretamente ligadas com certas capacidades cognitivas, como o raciocínio fluido e as funções executivas. Alguns estudos demonstram ou hipotetizam tal relação, mas nunca de forma aprofundada. Dessa forma, é necessário um estudo que busque relacionar essas estratégias cognitivo-visuais com constructos de raciocínio fluido e funções executivas. Portanto, a presente investigação tem como objetivo principal compreender, identificar e interpretar como as estratégias cognitivas em diferentes tarefas se relacionam com processos cognitivos. De forma mais específica, busca-se entender como as estratégias cognitivas, analisadas através dos padrões de movimentos oculares, se relacionam com funções executivas. Para isso, três estudos foram elaborados. Dois deles investigam as estratégias em testes de inteligência de matriz e como elas se relacionam com o raciocínio fluido (estudo 1) e as funções executivas (estudo 2). O terceiro estudo busca entender a relação das estratégias cognitivas no teste Cloze de Compreensão de Leitura e a memória de trabalho (estudo 3). Para cada estudo, testes e escalas de funções executivas como os Blocos de Corsi, Torre de Londres, Teste Wisconsin de Classificação de Cartas, Dígitos e a BRIEF-A foram aplicados a fim de medir as funções executivas. (AU)