GEOPOLÍTICA DA PRIVACIDADE: casas, propriedade e violência na fronteira urbana

Resumo

Tomando como campo de pesquisa o loteamento periférico do Jardim Maravilha, no Rio de Janeiro, este projeto, previsto para durar dois anos, ambiciona estudar etnograficamente as interações entre o espaço residencial das classes populares e as formas de rivalidade e cooperação nascidas da busca pela privacidade, categoria nativa usada para descrever a liberdade da qual a pessoa goza ao morar na sua casa. Ao almejar uma "teoria etnográfica da privacidade", que leve a sério as competições e solidariedades familiares e domésticas, este projeto se distingue dos demais estudos sobre a vida privada, que costumam partir de uma definição a priori do binômio público-privado, identificando o político com o público. Este projeto aspira contribuir assim para quatro áreas: a vertente dos estudos urbanos que olha para as práticas de autoconstrução; a antropologia da família, em particular os estudos sobre casas e governo das casas; a antropologia da economia, ou melhor, das relações de propriedade; e, enfim, a antropologia da violência. O projeto pretende também abrir várias frentes comparativas, tanto dentro do Brasil, entre Rio e São Paulo, quanto fora, entre Brasil e Haiti, Chile, França e Índia. Para resolver os desafios impostos pelo projeto, o autor conta com uma já longa inserção no campo, e a realização de investigações previamente a este projeto. Ao mesmo tempo, o projeto deve dar continuidade a um diálogo iniciado há vários anos com pesquisadores brasileiros e estrangeiros, acerca das casas e do governo das casas. Aproveitando as estruturas da Unicamp, o projeto investirá, portanto, na organização de eventos nacionais e internacionais, além de gerar publicações significativas nas áreas mencionadas.