Outros corpos: presença e performatividade para além do humano

Resumo

O projeto Outros corpos: presença e performatividade para além do humano visa pesquisar obras de caráter performativo (relativas ao teatro, a dança e as artes visuais) que não apresentam corpos humanos em cena ou nas quais os corpos aparecem de modo claramente objetificado. A partir da análise e estudo das obras, desejamos nos debruçar sobre concepções de corpo e performance que não sejam essencialistas e ontológicas, mas que reconheçam na ausência, na negação e na supressão do corpo modos de problematizar as seguintes questões: uma apropriação neoliberal da arte da performance; a redução do corpo a uma dimensão individual e fetichista da presença; a supervalorização e hierarquização da realidade dentro de obras artísticas.Para tanto, será necessário operar uma guinada crítica contrária a certo elogio do performativo enquanto "estética da presença" (FÉRAL, 2008, p. 209) operado por teóricos como Pheggy Phelan, Erika Fischer-Lichte e Josette Féral assim como a uma perspectiva ética e (parcialmente) relacional da obra da arte amplamente difundida através dos escritos de Nicolas Bourriaud. Em embate com essas noções, traremos os teóricos Boris Groys, Claire Bishop, Philip Auslander e Hal Foster, cujas fundamentais análises da recente produção de arte performativa incluem a revalorização teórica da documentação dessas obras; a problematização do real pressuposto na arte performática e o entendimento de presença como efeito.É a partir dessas obras que as questões conceituais serão levantadas e criticamente discutidas: - Stifter's Dinge (2012), de Heiner Goebells.- As métopes do Partenon (2015), de Romeo Castellucci.- Ensaio sobre a Dádiva (2015), de Nuno Ramos.- A sagração da primavera (2016), do [pH2]: Estado de Teatro.Tendo como principais referenciais teóricos os autores acima citados, a pesquisa tem como fundamento o olhar crítico e a análise estética dessas obras, escolhidas não apenas pela dificuldade de classificação seja como vídeo, teatro, instalação ou dança, mas também por serem obras recentes (produzidas a partir dos anos 2010), às quais o pesquisador teve a chance de assistir e - com exceção de Stifter's dinge - ainda pouco debatidas no âmbito acadêmico. (AU)