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Entre a corrupção e a virtude: uma reflexão sobre a educação moral a partir do 'Emílio' de Rousseau

Processo: 16/13000-7
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Iniciação Científica
Vigência (Início): 01 de outubro de 2016
Vigência (Término): 30 de setembro de 2017
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Filosofia - Ética
Pesquisador responsável:Patrícia Del Nero Velasco
Beneficiário:Caterine Zapata Zilio Barros
Instituição Sede: Centro de Ciências Naturais e Humanas (CCNH). Universidade Federal do ABC (UFABC). Ministério da Educação (Brasil). Santo André , SP, Brasil
Assunto(s):Virtude   Corrupção   Moral   Educação moral
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Educação Natural | Emílio | moral | Rousseau | Educação

Resumo

A presente pesquisa pretende desenvolver uma resposta à seguinte questão: "Como educar para a virtude?". O problema de inspiração socrática permanece atual. Lembramos aqui da simbólica figura de Diógenes, caminhando com uma lamparina em plena luz do dia, à procura do homem virtuoso. Poderíamos transportá-lo para as ruas de nossas cidades, séculos a frente; ele constataria que muita coisa mudou, o progresso técnico-científico poderia espantá-lo, transtorná-lo, mas, ao observar os homens, ele se sentiria em casa. Embora com a maquiagem e os adornos próprios de nosso tempo, permanecemos os mesmos. Em questão moral, a humanidade caminha a passos lentos. Talvez tenha sido essa mesma percepção que tomou os pensamentos de Jean-Jacques Rousseau, quando ele se dispôs a responder à pergunta lançada pela academia de Dijon: teria o desenvolvimento das ciências e das artes contribuído para purificar os costumes? O genebrino ofereceu uma resposta que feria o espírito iluminista de sua época, dissociando o progresso das ciências e das artes do progresso moral. De certa forma, o filósofo alertava seus leitores para as consequências futuras deste ideal de progresso desencarrilhado da moral, o qual viria a atingir seu ponto culminante no espetáculo de sangue das duas grandes guerras mundiais, provando, enfim, que os homens com a suma potência nada são sem o discernimento do bem, sem a estrela-guia da consciência a lhes orientar as ações. Este é o cenário que nos obriga a reviver o projeto socrático da virtude e, não por acaso, buscaremos inspiração naquele que foi considerado o "mais antigo dos modernos". Partiremos do Emílio ou Da Educação de Jean-Jacques Rousseau para responder à questão formulada inicialmente, compreendendo que, para cumprir com esse objetivo, será necessário dedicarmo-nos a três investigações fundamentais sobre: 1) o homem; 2) o despertar e o desenvolvimento das paixões humanas e 3) o papel desempenhado pela educação no processo de formação moral. Num primeiro momento, caberá analisar qual a concepção de homem que subsidia a proposta pedagógica presente no Emílio, no que concerne à educação moral. A natureza humana se inclina para o bem ou para o mal? Qual a relação entre consciência, razão e paixões? Estas respostas indicarão se a busca da virtude seria um projeto condizente com aquilo que caracteriza nossa humanidade, estabelecendo a direção e os parâmetros da discussão moral. Depois acompanharemos o crescimento do jovem Emílio, atentos às modificações do seu coração, conforme a razão se desenvolve e a socialização se torna inevitável, e também às ações do preceptor em cada uma das fases, cumprindo o segundo e o terceiro objetivos da pesquisa. Não se trata, pois, de imergir em discussões puramente teóricas a respeito da conceituação ou possibilidade da virtude. Ao lado do estudo das bases filosóficas que permitem a própria formulação da questão em jogo, buscaremos analisar cuidadosamente a educação moral enquanto sabedoria prática, entendida como "arte de manejar os caracteres". Afinal, com Rousseau, veremos que o homem não nasce bom, nem mal. Nasce perfectível, carregando em si as possibilidades tanto do vício quanto da virtude. O que determina a origem do mal moral é o tipo de relação assumida com outros homens, os quais poderiam submeter Emílio desde cedo ao império da opinião, e que, ao antecipar o despertar das paixões, terminariam por abafar a voz da natureza. É por isso que a educação moral que perpassa o processo de socialização de Emílio se colocará como a chave de intrincados problemas humanos; nesta visão, a virtude deixa de ser uma utopia ou prévia destinação, mas questão de cultivo, trabalho e experiência. Almeja-se que este estudo contribua de alguma forma para relembrar a finalidade da educação enquanto formação do ser humano em seu sentido mais pleno. O caminho para efetivar este projeto é o que, esperamos, Rousseau nos indicará. (AU)

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