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Georges Dumas: da psicologia universitária à circulação de intelectuais entre a França e o Brasil (1880-1940)

Processo: 15/25011-0
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Programa Capacitação - Treinamento Técnico
Vigência (Início): 01 de janeiro de 2016
Vigência (Término): 31 de agosto de 2017
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Sociologia - Outras Sociologias Específicas
Pesquisador responsável:Marcia Cristina Consolim
Beneficiário:Gabriela Gasparotto Souza
Instituição Sede: Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH). Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Campus Guarulhos. Guarulhos , SP, Brasil
Vinculado ao auxílio:15/07599-0 - Georges Dumas: da psicologia universitária à circulação de intelectuais entre a França e o Brasil (1880-1940), AP.R
Assunto(s):Ensino superior   Psicologia
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Ensino Superior | Georges Dumas | Internacionalização das Ciências Humanas | Psicologia e Sociologia | Relações científicas França-Brasil | Sociologia das Ciências Humanas e dos intelectuais

Resumo

Esta pesquisa investiga a trajetória de Georges Dumas (1866-1946) - psicólogo, professor universitário e "embaixador cultural" da França na América Latina -, a fim de compreender seu papel na formação e na institucionalização da "psicologia científica" na França, bem como no processo de internacionalização da ciência e da cultura francesas no Brasil. Trata-se de identificar os fatores que atuaram historicamente na constituição de um círculo de psicólogos em torno de Dumas; a importância das publicações que ele dirigiu (dois tratados de psicologia e uma revista científica) para a formação desse círculo e para a legitimação da psicologia universitária no campo científico; os fatores condicionantes da inovação disciplinar, uma vez que o recrutamento de psicólogos era feito entre os titulados em filosofia e medicina, disciplinas dominantes em relação à psicologia; a relação entre o gênero de psicologia e as tomadas de posição política desse círculo; a relação entre o campo científico francês e o espaço transnacional, considerando-se as relações científicas e intelectuais entre a França, a Alemanha e os Estados Unidos e, dentro desse espaço, a especificidade das políticas e das práticas acadêmicas francesas na América Latina. Resultados previstos: minha hipótese é que o círculo de Dumas se diferenciou em razão de suas disposições a determinadas práticas científicas e ideológicas, ou seja, da disposição a acumular as funções do intelectual republicano (embaixador a serviço da França) e do cientista puro (pesquisador internacional). No que diz respeito às condições de formação de uma especialidade científica, espera-se demonstrar que o círculo de Dumas promoveu, em primeiro lugar, práticas institucionais e intelectuais de diferenciação em relação ao ethos filosófico, tais como: a obtenção de diplomas de medicina (licença e doutorado), a realização de pesquisa empírica, a ênfase em explicações biológicas para fenômenos mentais e, finalmente, a crítica ao conceito romântico ou metafísico de "consciência" e sua subordinação às funções biológicas ou "inconscientes". Por outro lado, os embates que tal grupo manteve com a medicina revelam um distanciamento em relação às teorias estritamente organicistas (da neurologia ou psiquiatria) em nome de uma concepção mais ampla ou generalista do "inconsciente" - movimento de ideias que exprime a tentativa de valorizar seu próprio capital filosófico (ou generalista) em detrimento da competência restrita e restritiva do médico. Assim, pode-se dizer que a institucionalização da psicologia nesse período se deu por meio de um processo ambivalente: baseava-se na ciência positiva (ou nos avanços da medicina mental) para obter prestígio científico, mas pretendia moderar o ímpeto de especialização na qual se baseava a autoridade médica para exercer também as funções de intelectual republicano - uma inclinação que se tornará, no caso do espaço transnacional, uma forma de demarcação e de propaganda da "ciência francesa" ("generalista", "humanista") contra a "ciência americana" (considerada "especializada", "pragmática"). No que diz respeito à relação entre a psicologia e a sociologia, minha hipótese é que a aproximação de ambas disciplinas nos anos 1920 resultou de uma homologia de posição no campo disciplinar: afinal, a psicologia e a sociologia ocupavam posição duplamente dominada - no campo filosófico e no campo científico. Ou seja, ambas as disciplinas buscavam reconhecimento científico, mas mantinham-se assentadas na formação filosófica e instituídas nas Faculdades de Letras. Finalmente, trata-se de mostrar que as relações científicas entre o Brasil e a França tiveram origem nos anos 1880 e que a vinda de Dumas ao Brasil inaugura uma nova fase nessas relações com dimensão cultural e política. (AU)

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