A problemática da diferença sexual: Lacan e o feminismo psicanalítico francês

Resumo

Pensar a relação entre a psicanálise lacaniana e as teorias de gênero tem se mostrado um esforço fecundo tanto para a clínica psicanalítica quanto para a crítica social. O feminismo francês apresenta autoras de grande destaque neste debate, tais como Irigaray e Kristeva, cujos trabalhos marcaram fortemente a teoria de Butler sobre o gênero sexual. Tais feministas utilizam teses de Lacan em seu proveito, especialmente a função da linguagem no sujeito do inconsciente; em outros momentos, criticam determinados referenciais psicanalíticos que supostamente ainda se sustentariam no falogocentrismo. Há, no entanto, um ponto de impasse nestas teorias feministas: elas não teriam se debruçado em toda sua extensão aos desenvolvimentos lacanianos referentes à teoria da sexuação, apresentando uma leitura de noções como falo, gozo e da lógica inovadora que regem as fórmulas da sexuação ainda sob o viés do patriarcalismo. Propomos investigar formas de superar este impasse e mostrar que uma leitura minuciosa da teoria lacaniana focada, principalmente nos seminários XVIII ao XXI, pode vir a abrir caminhos inovadores para tratar da questão referente à diferença sexual e redimensionar as críticas que o feminismo psicanalítico francês dirige a Lacan. (AU)