Uso de peptídeos com atividade anti-adesiva em Paracoccidoides spp. na terapêutica e profilaxia da paracoccidioidomicose

Resumo

Os fungos do gênero Paracoccidioides são fungos dimórficos, agentes etiológicos da paracoccidioidomicose (PCM), micose sistêmica de grande interesse na América Latina e no Brasil. O arsenal antifúngico disponível para a PCM é limitado e a maioria dos agentes possui alta toxicidade. A busca por novos agentes que inovem o mecanismo de ação são de extrema importância e urgência para o tratamento da PCM assim como para o tratamento das demais micoses sistêmicas. Em termos inovadores, dificultar a adesão do fungo às células hospedeiras pode ser uma forma eficiente no auxílio ao combate da infecção, sendo que, impossibilitado de aderir, o fungo ficará impedido de colonizar diferentes tecidos do hospedeiro, a aquisição de nutrientes será dificultada, o que resultará numa maior facilidade do sistema imune do hospedeiro combater essa infecção. Neste sentido, o candidato a bolsa de pós-doutorado durante o seu doutorado, pela importância da adesão no processo infeccioso de Paracoccidioides spp., fez o uso do Phage Display, e pôde identificar quatro peptídeos, que se ligam com grande afinidade à parede de Paracoccidioides spp., com capacidade de inibir a adesão do fungo às estruturas do hospedeiro in vitro, diminuir a virulência do fungo, além de modular o sistema imune do hospedeiro gerando uma resposta mais eficaz na resolução da infecção e estes resultados mostram a importância de se investir na caracterização destes peptídeos para o uso no tratamento e profilaxia da PCM. Por essas características, o presente projeto tem como objetivo o uso de modelo murino para se estabelecer o tipo de resposta que as imunizações com estes peptídeos podem causar no hospedeiro, qual curso tomará a infecção em camundongos tratados com os peptídeos e quais os efeitos da imunização com os peptídeos seguido dos tratamentos conhecidos da doença. O projeto visa também caracterizar melhor os peptídeos, definindo os alvos aos quais eles se ligam na parede do fungo além de aumentar a abrangência do uso destes peptídeos em outras espécies fúngicas de importância médica como Histoplasma capsulatum, Cryptococcus neoformans e Candida albicans avaliando aspectos como a influência na virulência e na formação de biofilme.