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O atleta da voz: o cantor lírico e a relação com seu corpo

Processo: 14/20054-0
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Mestrado
Vigência (Início): 01 de janeiro de 2015
Vigência (Término): 02 de abril de 2017
Área do conhecimento:Interdisciplinar
Acordo de Cooperação: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
Pesquisador responsável:Marilia Velardi
Beneficiário:André Azevedo Marques Estevez
Instituição Sede: Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Bolsa(s) vinculada(s):16/12887-8 - Somaestética: pensando sobre corpo e voz, BE.EP.MS
Assunto(s):Artes   Atividade física   Canto   Cantores líricos   Técnica vocal   Corporeidade
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Antropologia do corpo | Atividade Física | canto | Corpo | práticas corporais | Artes e Saúde

Resumo

No contato com cantores, o que se percebe em suas falas é que, comumente, o corpo do cantor é considerado o instrumento por meio do qual o ofício de cantar é produzido. Esse pensamento parece advir de uma tentativa de comparar sua prática musical com a de outros músicos - os instrumentistas, que de fato realizam a sua performance por meio de um instrumento. O corpo como um instrumento traz a noção de uma ferramenta com vias de realizar algo que está fora dele, dessa forma, dá-se a entender que o nosso ser é composto de uma mente que utiliza o corpo como seu instrumento de concretização de ideias. Segundo Le Breton em sua obra Adeus ao Corpo, há na contemporaneidade uma forte tendência de considerarmos o corpo como algo vazio, que pode ser corrigido, arrumado, retificado. Um corpo no qual imperam os órgãos. Para o autor, essa noção de corpo está alicerçada no discurso científico do tempo presente; o corpo como matéria prima, que pode ser melhorado, aperfeiçoado ou modificado. Há, de maneira crescente, a publicação de trabalhos que buscam estudar as funções motoras, funcionais e fisiológicas no canto e isso pode ser observado em publicações recentes no campo da fonoaudiologia e da medicina. Como consequência de um modo quase hegemônico de produção do conhecimento, os modelos que se destinam ao ensino do canto lírico nos apresentam, muitas vezes, a ideia de ensino apoiado na perspectiva biológica do corpo, o que, provavelmente, reforça a noção do corpo como instrumento. Na minha percepção, o canto não é algo que sai do cantor, mas sim algo que acontece nele. Sua história, suas vivências, suas relações não se deslocam do corpo para que uma parte dele produza um som, assim, é necessário encontrar meios de entender como a emissão vocal se relaciona com esse todo e não exclui-lo. Apoiada numa visão mecanicista, a pedagogia vocal parece estar mais interessada na parte do que no todo, mais no aspecto fisiológico da laringe do que na sensação e na percepção do corpo, na sua corporeidade. E é aí que me insiro como questionador. Estudando o canto sob o paradigma sistêmico, deparei-me com autores que exploram essa arte numa abordagem que me pareceu mais interessante e correlata ao que venho experimentando, como François Delsarte e sua filosofia do canto, Valborg Werbeck-Svärdström apoiada na antroposofia, Richard Corbeil aliando o Método Feldenkrais ao desenvolvimento vocal e Janice Chapman com sua abordagem holística do canto. Foi na educação somática que encontrei o meu caminho holístico para o desenvolvimento da técnica vocal. Alicerçando a minha própria percepção e experiência, encontrei na literatura estudos que apontam a relevância do trabalho com educação somática no campo das artes como algo que amplia as percepções, a flexibilidade do corpo e da mente e a autonomia, trazendo benefícios para eliminação de tensões excessivas, para a expressividade, a comunicação e a sensibilização para a integração corpo-voz-emoção. Amparado pelas minhas reflexões alimentadas pela prática de educação somática, me vejo agora num lugar onde questionar a abordagem tradicional do canto me parece ser não só um chamado, mas uma urgência. Porém, chego à conclusão de que mais que uma diferença de pensamento da técnica vocal, o que a minha experiência me instiga a pesquisar é algo ainda mais fundamental, é uma questão existencial de percepção: como o cantor se relaciona com seu próprio corpo? Desse modo, parece coerente questionar, nesse trabalho, se os cantores líricos realmente identificam o seu corpo como seu instrumento e, nesse sentido, qual é o papel das práticas motoras (práticas corporais e de atividade física) no seu desenvolvimento e na sua performance. Essas práticas ajudam a configurar um conceito de corpo análogo ao instrumento ou permitem uma construção de um sentido de corporeidade? (AU)

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Publicações acadêmicas
(Referências obtidas automaticamente das Instituições de Ensino e Pesquisa do Estado de São Paulo)
ESTEVEZ, André Azevedo Marques. O atleta da voz: o cantor lírico e o seu corpo. 2017. Dissertação de Mestrado - Universidade de São Paulo (USP). Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) São Paulo.

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