Arquitetura, domesticidade e sexualidade: de Flávio de Carvalho às vanguardas contemporâneas, décadas de 1920 e 1930

Resumo

O presente projeto de pesquisa se propõe a mapear representações radicais da arquitetura doméstica no entre-guerras, que desviam dos ideais de universalidade, racionalidade, objetividade, economia, eficiência, hegemônicos na maior parte das experiências modernistas no setor. Pretende, enquanto tal, examinar algumas intersecções entre propostas habitacionais de vanguarda no período e transformações contemporâneas nos dispositivos familiares, sexuais e corporais. De um lado, portanto, retorna à articulação modernista entre habitação e sociedade para reabrir o debate em torno da vida reprodutiva; de outro, alinha-se a certa matriz historiográfica, próxima à história social e cultural, para enfrentar as relações entre agendas estéticas, intelectuais e civilizatórias na arquitetura e mudanças nos modos de vida metropolitanos. Para tal a pesquisa se propõe a examinar projetos e ideologias habitacionais dissonantes em relação às representações dominantes do habitat moderno: seja porque concebidos por/ para artistas e intelectuais de vanguarda, seja porque atentos a discussões contemporâneas acerca da sexualidade, da conjugalidade, da coabitação, da vida familiar ou solitária. Ao passar em revista alguns projetos do período emblemáticos neste sentido, assim como determinadas matrizes de pensamento influentes na questão, tem-se como horizonte subsidiar a análise de alguns pronunciamentos e obras de Flavio de Carvalho: seja por suas aproximações a determinadas correntes de vanguarda na arte, na psicanálise e na antropologia do entre-guerras, seja pelas inovações que elas manifestam acerca da compreensão da vida privada, da sociabilidade, da moralidade e do erotismo. (AU)