Bolsa 13/19366-5 - Oswald de Andrade, Modernismo no Brasil - BV FAPESP
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Olhares vertiginosos nas reformulações da história: o primitivo, o selvagem e o canibal.

Processo: 13/19366-5
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Pós-Doutorado
Data de Início da vigência: 01 de março de 2014
Data de Término da vigência: 30 de junho de 2018
Área de conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Artes - Fundamentos e Crítica das Artes
Pesquisador responsável:Cássio da Silva Fernandes
Beneficiário:Fernanda Ferreira Marinho Camara
Instituição Sede: Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH). Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Campus Guarulhos. Guarulhos , SP, Brasil
Bolsa(s) vinculada(s):14/25973-4 - O primitivo de Lionello Venturi e o milieu francês, BE.EP.PD
Assunto(s):Oswald de Andrade   Modernismo no Brasil
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Historiografia artística | Lionello Venturi | Modernismo brasileiro | oswald de andrade | Surrealismo francês | Vanguarda italiana | Historiografia artística

Resumo

Entre os chamados "objetos tribais" que serviram de propaganda anti-imperialista ao movimento surrealista francês; o primitivismo, intercedido por Lionello Venturi (Il gusto dei primitivi; 1926) como contrapeso à historiografia artística de bases classicistas; e as propostas antropofágicas do modernismo brasileiro, encontramos análogas tendências vanguardistas empenhadas em reelaborar o conhecimento histórico.Entre o velho e o novo continente ou, se quiser, entre os vícios das tradições ocidentais e a vernaculidade da tradição brasileira registravam-se, nas décadas de 1920 e 1930, um interesse em comum pelos conceitos de primitivo, selvagem e canibal enquanto reestruturações das identidades culturais e tão logo enquanto problematização dos conceitos mesmos de tradição e classicismo. Estamos a tratar de movimentos de vanguarda que preocupados em promover específicas modernidades às suas respectivas culturas, resgataram um passado esquecido ou marginalizado pela história, ou mesmo inventaram-na uma tradição: perspectivas essas aqui compreendidas como vertiginosas enquanto propostas de inovação ou reutilização do passado a favor da modernidade. Enquanto os surrealistas franceses encontraram nos ditos selvagens a elaboração do contrapeso a uma concepção colonialista da história da arte, e a inspiração a outras sensibilidades estéticas; na Itália, os primitivos de Lionello Venturi viriam por incomodar as estruturas classicistas da historiografia artística de bases vasarianas, substituindo a estrutura evolutiva das "três idades das artes" por uma estrutura historiográfica de caráter mais espiritual, mais preocupada em compreender o gosto da época do que em estabelecer progressões de virtuosismos formais. Em contrapartida, as propostas modernistas brasileiras - especificamente aquelas de Oswald de Andrade e Mario de Andrade - conscientes das tendências vanguardistas europeias de então, elaboraram a imagem do seu canibal como metáfora de um autoconsumo cultural a favor das elaborações da sua tradição interna. O primitivo brasileiro, mesmo não indicando o exotismo e o fetiche experimentados pelos surrealistas franceses; mesmo não estruturado enquanto combate contra os vícios da historiografia classicista, como proposto por Venturi, também consistiu numa elaboração artístico-literária empenhada com as reformulações culturais. O canibal autofágico combatia os excessos de importação de civilização e consistia na propaganda modernista brasileira interessada, sobretudo, na construção de uma identidade nacional incorruptível e autêntica, procurando delimitar o que era tradição inventada e o que era tradição adquirida.Os referidos olhares vertiginosos registrados entre França, Itália e Brasil dialogam enquanto propostas modernas que encontraram no desconhecido (os objetos extraeuropeus que se perpetuavam nas exposições surrealistas), no canhestro ou ingênuo (as primeiras formulações da arte renascentista ainda distante do virtuosismo formal do Quinhentos italiano) e na ausência (a falta de uma tradição artística e historiográfica brasileira em confronto com a longa estrada construída pela tradição europeia) as inspirações às elaborações de suas propostas artísticas. Propostas estas que serão aqui confrontadas enquanto perspectivas críticas do conhecimento histórico, reelaborado em prol das modernizações culturais do início do século XX.

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